PF faz buscas em ONG ligada ao PCdoB


RICARDO BRANDT - O Estado de S.Paulo

A Polícia Federal deflagrou na manhã de ontem a Operação Gol de Mão, que apura desvio de recursos do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte. Foram realizadas buscas e apreensões na casa da ex-jogadora de basquete Karina Valéria Rodrigues, na sede da ONG Pra Frente Brasil (fundada e coordenada por ela), em três empresas que seriam de fachada, dois escritórios de contabilidade e na casa de um suposto laranja, em Jaguariúna e Pedreira, interior de São Paulo.

A ONG, um dos pivôs do escândalo que derrubou no ano passado o ministro Orlando Silva (PC do B), recebeu da União mais de R$ 30 milhões, entre 2007 e 2011. A operação foi realizada com base nas investigações conjuntas com a Controladoria Geral da União e o Ministério Público Federal.

O delegado da PF, Jessé Coelho de Almeida, afirmou que as investigações comprovam que houve fraudes e que boa parte do dinheiro foi desviado. Karina, um ex-assessor e pessoas ligadas a ela devem ser enquadrados por fraude em licitações, peculato e formação de quadrilha, com penas que variam de 1 as 12 anos de prisão.

Segundo a investigação, as contratações feitas pela ONG para implantar 180 núcleos de esporte educacional em 13 cidades do Estado de São Paulo, promovendo a prática de esportes para 18 mil crianças, adolescentes e jovens, seriam direcionadas para empresas em nome de pessoas ligadas à ex-atleta. As firmas seriam de fachada para desviar os recursos.

Relatório da CGU apontou que a entidade não fornecia os serviços e materiais esportivos em qualidade e quantidade que declarava. "Duas empresas estavam registradas em um mesmo endereço, onde existe uma residência. Essas empresas, que só existiam no papel, receberam R$ 4 milhões e forneciam só para a ONG", disse o delegado.

Outra empresa onde foram feitas buscas é a RNC, registrada em nome de Reinaldo Morandi, um ex-assessor de Karina, que hoje é vereadora pelo PC do B, em Jaguariúna. "A empresa recebeu R$ 10 milhões para fornecer kit lanches e também só fornecia para a ONG", afirmou Almeida.

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