Campanha de réu em SP é bancada por doação oculta



Gabriela Yamada - Folha.com

Único réu da ação do mensalão que disputa as eleições deste ano, o deputado federal João Paulo Cunha (PT) recebeu quase a totalidade dos recursos de sua campanha por meio do mecanismo usado para ocultar doações.

Dos R$ 876 mil que informou ter arrecadado até agora para a disputa à Prefeitura de Osasco (Grande São Paulo), R$ 875 mil vieram do diretório estadual do PT --maior valor repassado pela sigla a um candidato do partido no Estado.

A doação eleitoral via de partidos é uma forma legal que empresas usam para evitar ter o nome vinculado ao político beneficiado.

Em vez de entregar o dinheiro diretamente ao candidato, elas optam por doar à legenda, que "mistura" o financiamento a outras fontes de receita antes de repassar ao candidato, dificultando a identificação da origem.

O presidente do diretório do PT-SP, Edinho Silva, disse que João Paulo recebeu o maior valor porque houve demanda e negou que o caso do mensalão esteja dificultando a arrecadação de recursos.

A assessoria do candidato não respondeu.

De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), João Paulo recebeu ainda apenas a doação de R$ 1.000 de pessoas físicas.

No primeiro mês de campanha, o petista gastou R$ 416 mil e concentrou seus investimentos em publicidade: foram R$ 350 mil com serviços para este fim, como a produção de programas para TV e rádio e materiais impressos.

Ex-presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo é acusado no processo do mensalão de receber R$ 50 mil para facilitar contrato da Casa com empresa de Marcos Valério, o que ele nega.

Editoria de Arte/Folhapress

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