Jersey tem nesta terça última audiência sobre Paulo Maluf


Perspectiva é de que todos os recursos já foram esgotados e que chegou o momento de uma definição

Jamil Chade, correspondente de O Estado de S.Paulo

paulo maluf 234x300A Corte Real de Jersey terá nesta terça-feira, 17, sua última audiência no caso envolvendo a suspeita de lavagem de dinheiro do ex-prefeito Paulo Maluf, em um caso que já completa mais de uma década e que envolve o congelamento de ativos de US$ 175 milhões em nome de empresas do político brasileiro. O juiz irá ouvir a argumentação final dos advogados da Prefeitura de São Paulo, que tentam recuperar parte do dinheiro, e a defesa do ex-prefeito. Uma decisão, porém, deve ser tomada apenas nas próximas semanas.

Fontes próximas ao caso indicam que existe o risco de que a audiência acabe tendo de continuar na quarta-feira, 18, em Jersey, diante da argumentação dos advogados. Mas a perspectiva é de que todos os recursos já foram esgotados e que chegou o momento de uma definição.

Os advogados da prefeitura vão insistir em atacar a movimentação das empresas ligadas ao ex-prefeito. A estratégia foi a de concentrar as evidências em cinco semanas de transações que, na avaliação da prefeitura, escancaria a movimentação destinada a retirar dinheiro da corrupção e transferi-lo para o exterior. Nesse período, US$ 22 milhões estariam sendo focados pelos advogados da prefeitura e a aposta é de que esse seja o valor que de forma mais fácil poderia ser recuperada.

"Mas esse não é o volume total de dinheiro bloqueado em Jersey", indicou uma fonte próxima ao processo em Jersey.

Por mais que Maluf e seus advogados no Brasil insistam em dizer que o ex-prefeito não tem e nunca teve contas no exterior, a própria assessoria de imprensa da Corte Real de Jersey se refere ao processo indicando que ele trata do caso envolvendo um "ex-prefeito de São Paulo".

No site do advogado contratado pela Prefeitura de São Paulo, Andrew Witts, sua biografia inclui alguns dos maiores casos pelo qual trabalhou. Um deles é citado publicamente o nome de Paulo Maluf, indicado como o "maior caso de corrupção liderado pelo Brasil, envolvendo várias jurisdições na investigação e repatriar fundos públicos roubados". Witts trabalha para a prestigiosa Lawrence Graham, com escritórios em Londres, Cingapura, Moscou, Dubai e Mônaco.

Em Jersey, pessoas envolvidas no caso estimam que a decisão da Corte terá um impacto bem além do dinheiro envolvido nas denúncias. Isso porque o dinheiro teria chegado à Jersey só depois que, em Genebra, bancos suspeitaram da movimentação. Fontes revelaram ao Estado que, em Lausanne, familiares de Maluf ainda mantem contas que estão bloqueadas e que estão aguardando uma definição judicial do caso no Brasil e em Jersey.

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