FHC critica andamento das negociações na Rio+20


Guilherme Serodio - Valor

O ex-presidente Fernando Henrique Cardos criticou hoje o andamento das negociações na Conferência das Nações unidas sobre Desenvolvimento sustentável, a Rio+20. “Existe ainda muita resistência, muita incompreensão, muita incapacidade de chegar a uma área comum [no debate]”, afirmou.

Ele reconhece que os chefes de Estado estão sob grande pressão com a crise internacional. Mas afirmou que em certos momentos é preciso ter visão de longo prazo e, “mesmo que sacrifiquem eventualmente sua popularidade, tomem decisões que digam respeito ao desenvolvimento futuro de seus países e da humanidade”.

Fernando Henrique criticou também a centralidade que os combustíveis fósseis têm na economia mundial. Para ele, no longo prazo devemos insistir que é preciso mudar o padrão de utilização energética. “É óbvio que não podemos continuar abusando de combustíveis fósseis. Então, porque tomar decisões que impliquem em aumentar os combustíveis fósseis? Isso é o que eu posso dizer aos meus sucessores no Brasil e no mundo”.

O ex-presidente ressaltou o aumento da consciência ambiental como um dos avanços conquistados desde a Rio92. Mas lamentou que esse avanço “não foi acompanhado de um compromisso dos governos consequente com o que já se sabe [sobre a situação ambiental do planeta]”.

Fernando Henrique defendeu a proposta de criação de um fundo para auxiliar a implementação do desenvolvimento sustentável. Pode ser que no momento não haja recurso, afirmou. “Mas um fundo desses não é para este momento, é permanente”, disse em um evento no Riocentro, onde ocorre a Rio+20.

A sugestão de criação do fundo foi levada à mesa de negociação pelo grupo G77 mais a China, sem sucesso. Foi substituída pela proposta de criação de uma estratégia para a definição de fontes de financiamento até 2014.

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