PSDB pede a Maia e Sarney cargos de comando na CPI sobre Cachoeira


Petistas dizem que cargos devem ficar com PT e PMDB, maiores bancadas.
Líder do PSOL reclama de redação, que manda investigar interceptações.

Iara Lemos - G1


Os líderes do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR) e na Câmara, Bruno Araújo (PE), encaminharam na tarde desta quinta-feira (12) uma moção ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), pedindo que as minorias possam ocupar cargos de comando da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com políticos, autoridades e empresários.

Os líderes tucanos pedem que os presidentes observem "a ampla e necessária" participação das minorias nos cargos de destaques da comissão, que são o de presidente e de relator. O partido ambiciona ocupar a relatoria da comissão.

"Essa é a única forma capaz de assegurar que a investigação se processe de forma transparente e com isenção. E que todos os fatos fartamente publicados sejam apurados, bem como denunciar e punir as pessoas envolvidas", diz o documento.

A coleta de assinaturas para a criação da CPMI teve início nesta quinta. Para o requerimento que pede a criação da comissão seja protocolado, são necessárias 27 assinaturas no Senado e 171 na Câmara dos Deputados. Na moção, os líderes tucanos pedem que Sarney e Marco Maia não deixem as investigações serem conduzidas por "agrupamentos políticos".

"O processo de investigação, como sabem os ilustres presidentes, não pode ser conduzido por agrupamentos políticos sem compromisso com a verdade e que não seja permitido que parlamentares arrolados na investigação integram o referido colegiado", afirmou.

No Senado, o líder do PT, Walter Pinheiro (BA) evitou explicitar quais partidos poderão ficar com os cargos de presidência e relatoria da CPMI, mas afirmou que a tendência é que as minorias fiquem de fora da escolha. "O natural é que se leve em consideração o tamanho das bancadas", disse o líder do PT. As duas maiores bancadas, na Câmara e no Senado, são do PT e do PMDB.

Mais cedo, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), defendeu o mesmo critério. "O PT não vai abrir mão dessa prorrogativa que o povo brasileiro deu quando elegeu 85 deputados do PT. As funções de presidente e de relator, me parece o mais adequado que os dois partidos maiores ocupem essas funções", afirmou.

Se não conseguir emplacar os dois cargos mais importantes, o PSDB ainda pode ficar com subrelatorias, responsáveis por partes específicas dos temas investigados. "Eu acredito que, dada a própria disposição que nós encontramos nos partidos da base do governo, que vá haver um espaço importante para que a oposição possa participar menos com número e mais com a qualidade", disse Bruno Araújo.

Investigação sobre interceptações

No Senado, o texto final que pede a criação da CPI foi recebida com críticas pelo PSOL. O líder do partido na Casa, Randolfe Rodrigues (AP), reclamou do trecho que diz que haverá investigação sobre "esquema de interceptações e monitoramento de comunicações telefônicas".

"Começou mal. O texto está longe do eu foi definido. A CPMI não pode ser da interceptação telefônica, mas sim das relações do Cachoeira. Houve um desvio de foco", disse Randolfe. Apesar da reclamação, o líder do PSOL disse que vai assinar o requerimento.

Texto final

A versão final do texto foi fechada na noite desta quarta, após reclamações do PSDB, DEM e PMDB, que protestaram contra a versão inicial e pediram ainda que a CPMI também investigasse fatos relacionados à Operação Vegas, feita pela PF em 2009, que também apurou negócios ilegais comandados por Cachoeira.

A redação afirma que a comissão será destinada a "investigar num prazo de 180 dias, práticas criminosas desvendadas pelas operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, com o envolvimento do senhor Carlos Augusto Ramos, conhecido vulgarmente como Carlinhos Cachoeira, e agentes públicos e privados."

O novo texto do requerimento da CPI diz que a investigação se dará "sem prejuízo de investigação de fatos que se ligam ao objeto principal, dentre eles a existência de um esquema de interceptações e monitoramento de comunicações telefônicas e telemáticas ao arrepio do princípio de reserva de jurisdição."

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