PSDB ataca PT e acusa partido de direcionar CPI para a oposição


Daniela Lima - Folha.com

O primeiro congresso sindical do PSDB em São Paulo foi palco para os principais líderes do partido atacarem o governo federal e defenderem tucanos envolvidos em acusações de envolvimento com o empresário Carlos Cachoeira.

No evento, realizado com apoio de empresários e grandes construtoras, os tucanos criticaram o que chamaram de "aparelhamento dos sindicatos" e conclamaram os trabalhadores a protestar contra a "desindustrialização do país".

Em seu discurso, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), cotado para disputar a Presidência da República em 2014, citou a presidente Dilma Rousseff e disse que há um "ufanismo desenfreado" sobre seu desempenho. "Há um ufanismo desenfreado com os índices de aprovação da presidente Dilma. Mas se aprofundarmos os dados, veremos que 60% da população está insatisfeita com a saúde", disse.

Marlene Bergamo/Folhapress 
Encontro sindical promovido pelo PSDB em SP com a presença de Serra, Alckmin, Aécio Neves, Sérgio Guerra

Em outra frente, líderes do partido defenderam o andamento das investigações envolvendo o empresário Carlos Cachoeira, acusado de explorar o jogo ilegal e manter uma rede de influência com empresários e políticos, mas acusaram o governo de estar direcionando o escândalo para a oposição. "Sou a favor da CPI, desde que ela não esteja a favor de uma maioria", afirmou o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE).

"Na última semana só saíram vazamentos contra nós. O PT quer segurar o governador deles, de Brasília, o Agnelo (Queiroz) que já está na forca falando de Goiás e de Minas", disse Guerra.

Escutas feitas pela Polícia Federal indicaram o envolvimento de Cachoeira com o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e a nomeação de uma prima do contraventor no governo de Minas, por intermédio do senador Aécio Neves (PSDB-MG), ex-governador do Estado. A pedido do senador Demóstenes Torres (ex-DEM), Aécio encaminhou ou currículo da prima de Cachoeira.

O senador afirma que encaminhou o currículo a pedido do senador Demóstenes Torres (ex-DEM), sobre quem, na época, não pesava nenhuma acusação. Ele ressaltou ainda que, na ocasião, não tinha conhecimento do parentesco da indicada para o cargo com o empresário Carlinhos Cachoeira.

Hoje, a Folha mostrou que Cachoeira mantinha contatos com um diretor da empreiteira Delta em São Paulo. "O próprio Marconi se colocou à disposição da investigação, foi o primeiro a propor ir depor na CPI. Agora, pede ao PGR [procurador-geral da República] que o investigue. Ele vai sair desse episódio como entrou: absolutamente seguro", disse Guerra.

O governador Geraldo Alckmin defendeu as investigações. "Os contratos da Delta em São Paulo, a maioria, já foi concluída. Mas investigar é sempre bom", disse.

SERRA

Durante o evento, Alckmin e Guerra enalteceram a candidatura do ex-governador José Serra à Prefeitura de São Paulo. Serra, ao discursar, mesclou temas nacionais com os do "cotidiano" nas cidades e pediu que os sindicalistas filiados ao PSDB se mobilizem para a eleição municipal.

"O futuro começa agora", afirmou. "Proponho que o núcleo sindical faça propostas para as cidades, para que possamos montar a plataforma tucana para 2012", disse Serra.

O congresso também evidenciou o desconforto de Serra com relação a Aécio. Hoje, aFolha publicou entrevista na qual o senador diz que, mesmo se for eleito prefeito em 2012, Serra pode deixar o cargo para disputar a Presidência em 2014.

A declaração vai na contramão da estratégia de Serra,m que tenta afastar de todo modo especulações sobre o abandono da prefeitura.

"Eu não poderia esperar do Aécio se não essa manifestação de generosidade. Mas, de fato, não está na minha agenda, não cogito me candidatar a presidente", disse Serra, ao ser questionado sobre as declarações do senador.

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