Ex-assessor especial de ministro da Saúde admite ter recebido propina



Assessor especial do ministro Alexandre Padilha (Saúde) até dezembro, Edson Pereira Oliveira admitiu ter recebido R$ 200 mil de propina para pagamento de dívida de campanha.

De acordo com reportagem da revista "Veja", Oliveira afirma que passou, desde então, a ser alvo de chantagem de um grupo de parlamentares do Rio de Janeiro que teriam o objetivo de manter um esquema de corrupção em órgãos de saúde do Estado.

Diógenes Campanha - 15.jan.12/Folhapress
Ministro Alexandre Padilha (Saúde)
Ministro Alexandre Padilha (Saúde)
Em entrevista na manhã de ontem, Padilha afirmou que só soube da história ao ser procurado pela revista, na segunda-feira, e que pediu investigação à Polícia Federal ainda na semana passada.

Segundo ele, uma auditoria da CGU (Controladoria Geral da União), ainda em andamento, avalia todos os contratos de empresas e laboratórios com os seis hospitais federais no Rio, foco dos desvios, segundo a revista.

"Consideramos o fato extremamente grave, que se associa a outros fatos graves que o ministério detectou desde que começou a reforma administrativa dos hospitais do Rio, em fevereiro de 2011", disse o ministro da Saúde. "Os fatos serão apurados até o fim, vamos tentar reaver os recursos desviados da saúde".

Sobre a guerra partidária pelo controle dos recursos e dos hospitais federais no Rio, que segundo a "Veja" envolve o PT, partido do ministro, e PMDB, sigla de seu ex-assessor especial, Padilha afirmou não acreditar em uma guerra político-partidária. "Há um combate contra o desperdício do dinheiro público na saúde".

Segundo dados do Ministério da Saúde, 40 contratos da pasta com instituições médicas --como contratos de obras, locação de equipamentos e fornecimentos de medicamentos-- foram suspensos desde o início do ano passado. A revisão de contratos teria resultado em economia de mais de R$ 50 milhões.

Amigo de Padilha desde os movimentos estudantis, Oliveira acusa os deputados Nelson Bornier (PMDB), Aúreo (PRTB) e Marcelo Matos (PDT) de exigirem a indicação de diretores de hospitais federais no Rio de Janeiro, especialmente Bonsucesso, Lagoa e Ipanema, com objetivo de obter uma mesada.

Oliveira disse que foi chantageado após aceitar dinheiro de um deputado hoje sem mandato, Cristiano (PTdoB), para pagamento de uma dívida de sua campanha a uma prefeitura no interior da Bahia, nas eleições de 2008.

Procurado pela Folha, Bornier nega que tenha chantageado o ex-assessor do ministro: "Padilha está querendo virar o jogo. Encontrei esse Edson uma vez. Nunca pedi nomeação. Pedido de nomeação se faz em papel".

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