Documentário conta a trajetória de Fernando Henrique Cardoso


A TV Câmara lança na próxima terça-feira, dia 17, o documentário “A Construção de Fernando Henrique”. O filme conta a trajetória do sociólogo e acadêmico que se tornou presidente da República por dois mandatos consecutivos (1995-2002). O ex-presidente participará da cerimônia de lançamento da produção, marcada para as 12h no Salão Negro. Participarão também o presidente da Câmara, Marco Maia, e o primeiro-secretário, Eduardo Gomes.

O documentário, de 58 minutos, tem direção do jornalista Roberto Stefanelli. Sua estreia na TV Câmara está marcada para o dia 19 de abril, às 21h30.

Fernando Henrique Cardoso era um menino de oito anos quando chegou a São Paulo, vindo da capital e centro do poder político, Rio de Janeiro. No Rio ficou seu pai, Leônidas Cardoso, general e deputado pelo PTB – que na verdade viveu, a partir daí, com um pé em cada cidade. Ficou também toda uma história da família Cardoso, repleta de políticos e militares.

Fernando Henrique tornou-se mais que um paulista: um paulistano, ao longo da sua vida de estudante, período em que ambicionava pouco mais do que ser professor e escrever livros. Ter uma vida intelectual apenas. Atuar em um meio, como reconhece, que respirava certo pedantismo.

Mas quando completou 80 anos, era intelectual reconhecido internacionalmente, tinha na bagagem dois mandatos presidenciais com eleições em primeiro turno, muitos livros publicados, o gerenciamento de um plano econômico que revolucionou o País, e uma presença constante nas discussões do Brasil, da América Latina e do mundo.

Padre ou papa

Ele diz no documentário que nunca pensara em ser presidente da República. Imaginou, quando menino, ser padre. A mãe achava que poderia ser papa. Afinal, como lembra o sociólogo e professor Leôncio Martins - seu colega de faculdade e dos tempos de incertezas e fugas no regime militar - em política Fernando Henrique está mais para um besouro que, pelas leis físicas, não deveria voar, mas voa. “Pela lógica da política populista brasileira, ele não poderia se eleger. E foi presidente da República por duas vezes, eleito em primeiro turno”, ressalta Leôncio Martins.

Além de Martins, participam desse documentário alguns amigos de infância, como o historiador Boris Fausto e o filósofo José Arthur Gianotti. Há ainda companheiros e alunos de exílio, como José Serra, e colegas de constituinte e governo, a exemplo de Nelson Jobim, Clovis Carvalho e Gustavo Franco.

Alianças e confrontos

Um grande momento do filme consiste no testemunho do próprio Fernando Henrique acerca dos tempos em que atuou, no exílio, como professor – no Chile, na França e nos Estados Unidos. O ex-presidente discorre ainda sobre sua vida política, feita de alianças e confrontos – um rico processo, termo muito a seu gosto. Uma vida que não se resumiu apenas em vitórias; houve derrotas, como a que sofreu na disputa pela Prefeitura de São Paulo, em 1985, quando foi eleito Jânio Quadros.

O documentário registra também as referências que faz a ex-companheiros que se distanciaram para o campo oposto ao longo do caminho, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – a quem passou a faixa presidencial; o antigo colega de escola Plínio de Arruda Sampaio, hoje no PSOL; e os antigos amigos de exílio, Maria da Conceição Tavares e Carlos Lessa.

Fernando Henrique cita ainda aqueles que deixaram saudades: Darcy Ribeiro, Ulysses Guimarães e Franco Montoro. E fala de um Brasil que mudou muito na sua geração. Uma geração que conviveu com os tempos de Getúlio, Juscelino, Castelo Branco, Geisel, Sarney, Itamar e dos seus dois mandatos; dos progressos e retrocessos da economia e da política.

E saúda a presidente Dilma Rousseff como pessoa que sabe distinguir o que é do interesse público, e “que construir juntos não é aderir”. Afinal, assinala, “somos brasileiros”.

Serviço: 
Documentário “A Construção de Fernando Henrique”
Lançamento: 17 de abril, às 12h, no Salão Negro do Congresso Nacional

Estreia na TV Câmara: 19 de abril, às 21h30
Horários alternativos:
- 21 de abril, às 21h
- 22 de abril, às 9h, às 14h e às 20h

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