BRUNO BOGHOSSIAN, ISADORA PERÓN, JULIA DUAILIBI - Agência Estado
Foto: Melissa Lulio
O ex-governador José Serra (PSDB) é o candidato favorito dos presidentes de diretórios zonais tucanos da capital que votarão na prévia do próximo dia 25 para escolher quem disputará a Prefeitura de São Paulo pelo PSDB em outubro.
Levantamento feito pelo jornal O Estado com 51 líderes da legenda na cidade mostra que 20 deles pretendem escolher Serra como candidato, ou seja, mais da metade dos 36 tucanos que declararam o voto. Há 58 diretórios zonais do PSDB pela capital paulista, mas 15 se recusaram a dizer qual é o preferido e outros sete não foram localizados.
Atrás de Serra, empatados na preferência dos presidentes tucanos, estão o secretário estadual de Energia, José Aníbal, e o deputado Ricardo Tripoli. Cada um têm oito votos de dirigentes.
O voto dos presidentes dos zonais não reflete necessariamente a preferência da militância: 20 mil filiados ao partido estão aptos para votar na prévia, mas a cúpula do partido estima que, no máximo, 5 mil compareçam.
O levantamento, no entanto, serve como indicativo de qual candidato tem a preferência da máquina partidária, que tem influência entre os eleitores. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo revelou em janeiro, muitos filiados não têm relação com o PSDB e foram cadastrados a pedido dos presidentes dos zonais. Pela análise do mapa dos diretórios, Serra tem mais votos na região leste, onde está a maioria dos filiados.
Ricardo Tallarico, presidente do diretório de Vila Sabrina, votaria em Matarazzo antes de Serra entrar. "É o melhor para o partido, já que é ele que tem chances de ganhar", declarou. "O Serra é o Serra. Aqui na minha região ele vai matar a pau", afirmou Celso Elias, do diretório de Jaçanã.
"Eu não gosto do Serra e o Serra não gosta de mim. Mas essa é uma questão pessoal, e eu sou PSDB. Ele é o único candidato que tem reais chances de ganhar as eleições", disse Avelazio Jacobina, de Cidade Tiradentes.
O governador Geraldo Alckmin defende a prévia, mas aliados de Serra ficaram insatisfeitos com o fato de ele ter de disputar. A avaliação, no entanto, não é consensual entre serristas. Uma ala avalia que, sem risco de derrota, a disputa mostra humildade e respeito com a sigla.
Parte dos votos declarados a Serra reflete o apoio recebido por vereadores e deputados nas últimas semanas. "O nome do Serra não vem da militância, mas ele tem o apoio de muitos parlamentares que têm influência sobre a militância", disse Israel Baia da Silva, de Sapopemba. Tucanos que acreditavam que a disputa interna seria uma oportunidade de renovação do PSDB decidiram reavaliar o quadro.
Críticas
A participação de Serra também fortaleceu um grupo contrário a sua candidatura, que decidiu intensificar o trabalho de mobilização da militância para tentar derrotá-lo no dia 25.
"O pessoal vai dizer que Serra largou a Prefeitura na mão de um irresponsável. O Kassab está bem queimado", disse Léo Onoda, presidente do diretório zonal de Jaraguá, que apoia Aníbal.
Valdir Campos Costa, do diretório de Bela Vista, disse estar "fechado" com o Tripoli desde o início. "O PSDB tem bons quadros, mas o partido precisa se renovar. Não dá para ficar refém de Serra-Geraldo, Serra-Geraldo".
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