Livros: Ampliando Horizontes - Artigo de Andrea Matarazzo


O acesso fácil a uma biblioteca pode mudar a vida das pessoa e também a trajetória de comunidades.

O mito de que o brasileiro não gosta de ler cai em contradição quando vemos as boas bibliotecas abarrotadas de jovens.

Mas nosso déficit é imenso e a capacidade de supri-lo ainda não é a adequada.

É preciso implantar novas unidades e potencializar ao máximo a capacidade de atendimento das já existentes. As bibliotecas devem, principalmente, se renovar e modernizar para atrair o público.

Por todo o País, as iniciativas da própria população e da sociedade civil demonstram a vontade represada de acesso à leitura.

Alguns exemplos ficaram famosos, como a biblioteca sobre palafitas do Recife, as bibliotecas instaladas por um açougueiro nos pontos de ônibus de Brasília e as biciclotecas de São Paulo, com foco nos moradores de rua.

Mas cabe ao poder público a principal responsabilidade de democratizar e estimular o acesso à leitura.

Um belo exemplo é a Biblioteca de São Paulo (BSP) construída pelo Governo do Estado na área da antiga Casa de Detenção do Carandiru.

Frequentada por mais de 320 mil pessoas por ano, a maioria jovens e crianças, ela tem superado o Museu do Futebol em público – um dado impressionante em se tratando do Brasil.

Como algumas bibliotecas modelo espalhadas pelo mundo, a BSP conta com estrutura física e recursos que vão muito além do que se entende tradicionalmente por biblioteca.

Além de livros, ela oferece acervo de revistas, DVDs, CDs, jogos de tabuleiro e eletrônicos, computadores com acesso à internet, livros em braille e audiolivros.

A variedade do acervo é sua característica principal: estão lá desde as revistas de fofoca aos clássicos da literatura, os best-sellers e os livros técnicos.

Assim, o espaço disponibiliza o que as pessoas querem ler.

Com suas edificações de alto nível, tendem a criar uma espiral positiva em seu entorno, tanto do ponto de vista urbanístico, como de serviços, empregos e qualidade de vida.

São projetos concebidos em espaços amplos, coloridos, aconchegantes e com horário de funcionamento ampliado.

No caso da BSP, até às 21h durante a semana e até às 19h nos fins de semana. A maior parte das bibliotecas públicas, pasmem, fecha aos sábados e domingos e até no horário de almoço.

Igualmente importante para que uma biblioteca seja atrativa é uma equipe de funcionários preparados e envolvidos, porque eles serão os grandes incentivadores do público: orientam as pessoas a encontrar o que procuram no acervo, ajudam no acesso ao conteúdo, no uso dos computadores, sugerem leituras e material de consulta. Enfim, mantêm a instituição viva.

Há quem diga que a televisão e a internet levaram os livros para um segundo plano. Mas justamente com o apoio das novas tecnologias pode-se criar envolvimento e interesse a favor do hábito de leitura.

São meios de comunicação e informação que se complementam e fortalecem a formação cultural.

Desta forma, ao mesmo tempo em que contribuem para o fortalecimento da comunidade tornando-se um ponto de encontro, as bibliotecas contemporâneas são também o lugar de conexão das pessoas com o mundo, por meio dos mais variados tipos de mídia.

Andrea Matarazzo
Secretário de Estado da Cultura
(artigo publicado no jornal Brasil Econômico de 06/03/2012)

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