Cultura e Turismo - Artigo de Andrea Matarazzo


O principal lucro de qualquer investimento em cultura é intangível. No entanto, não se pode desprezar o potencial de retorno econômico em que um empreendimento cultural bem pensado pode resultar.

Algumas das mais importantes cidades do mundo têm em seus museus, galerias e programação cultural o fator central de atração de turistas e eventos.

São Paulo está cada vez mais neste caminho e, na semana passada, o governo do estado de São Paulo conquistou um avanço importante para o setor: foi apresentado o projeto do Complexo Cultural Luz, um grande edifício com mais de 70 mil m² a ser construído na região central de São Paulo para espetáculos de música, ópera e dança.

Com arquitetura arrojada proposta pelo escritório suíço Herzog & de Meuron, o complexo congregará, num mesmo local, atividades de ensino e de difusão da cultura.

Terá um grande teatro com 1.750 lugares, além de sala de recitais para até 500 pessoas e um teatro experimental, com palco reversível, para mais 400. O prédio abrigará também as sedes definitivas da São Paulo Companhia de Dança e da Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim.

O governo investirá R$ 500 milhões neste empreendimento, com obras previstas para iniciar em 2013.

O complexo terá o poder de aumentar a atratividade de São Paulo como destino turístico, se integrando ao consolidado circuito de equipamentos culturais pelo qual a cidade já é reconhecida.

Basta dizer que, em 2011, os 17 museus administrados diretamente pela Secretaria de Estado da Cultura receberam um público total de 2,4 milhões de pessoas, 1,9 milhão apenas nos equipamentos da capital. Em cidades pequenas, o potencial dos equipamentos culturais é proporcionalmente ainda mais notável.

O Museu Casa de Portinari, mantido pelo governo do estado no município de Brodowsky, interior paulista, recebeu mais de 114 mil visitantes em 2011 – quase seis vezes mais do que a população da cidade, cerca de 20 mil habitantes.

Em Minas Gerais, o Instituto Inhotim alcança um público de 160 mil pessoas por ano no município de Brumadinho, que tem apenas 34 mil habitantes. A atração de público, claro, aumenta a demanda por comércio e serviços.

Investimentos em cultura, portanto, podem sim dar retorno financeiro às cidades que fazem a opção por equipamentos bem planejados e de qualidade. No caso do Complexo Luz teremos também um grande ganho social e urbanístico.

O edifício será construído numa região hoje degradada, conhecida país afora pela presença constante de usuários de crack, mas que vem se consolidando como polo, com a presença de diversos outros equipamentos culturais.

Próximo a duas estações de trem e outras duas de metrô, será muito facilmente acessado de qualquer parte da cidade. Aberto e vivo, ele propõe um paisagismo integrado que deverá criar um grande corredor verde no bairro, unindo vários outros equipamentos culturais com jardins e arborização.

As expectativas são as melhores. Além do ganho que a população paulista terá no acesso a ainda mais espetáculos de qualidade, o Complexo Cultural Luz terá papel fundamental para consolidação de São Paulo como destino cultural, e não apenas de negócios.

Comentários

  1. Os equipamentos físicos são necessários e ao promover sua instalação o estado cumpre com sua obrigação. São necessários, mas não suficientes porque cultura é muito mais do que apenas construções que abriguem as obras. Cultura precisa e deve ser apoiada não porque pode trazer turistas, mas porque é a tradução da alma do sentir de um povo e isso, não tem preço!

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