Senadores Aloysio Nunes e Suplicy discutem em audiência sobre Pinheirinho


Folha.com
23/02/2012

Senadores Suplicy (à esq) e Aloysio Nunes discutem em audiência sobre Pinheirinho
Exaltados, os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) trocaram provocações nesta quinta-feira em uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos do Senado que discute a desocupação de Pinheirinho, em São José dos Campos (97 km de SP).

A ação ocorreu em janeiro, quando a Polícia Militar retirou as famílias que viviam na área desde 2004 depois de uma decisão judicial. O terreno pertence à massa falida do grupo Selecta, do investidor Naji Nahas. A reintegração desalojou do local 1.600 famílias, num total de 6.000 pessoas.

O tucano acusou Suplicy e o presidente da comissão, Paulo Paim (PT-RS) --que não estava presente-- de usarem a desocupação para promover interesses eleitorais do partido.

Ferreira disse que era uma "operação política do PT para atacar o governo de São Paulo". Ele questionou o fato de ainda não ter sido marcada uma audiência para discutir desocupações ocorridas em governos do PT, como no Distrito Federal e na Bahia.

"É um procedimento unilateral que visa instrumentalizar a comissão por partidos políticos, no caso o PT e outros grupos, como o PSTU."

O tucano atacou os líderes comunitários do movimentos, chamando alguns de "parasitas", afirmando que a radicalização foi promovida por eles. Segundo o tucano, foi armado um "circo" dias antes da reintegração e a Polícia Militar agiu com todo cuidado para "causar o menor trauma possível".

"Tinha gente querendo brincar de insurreição, pseudos-revolucionários, prontos para radicalizar."

Ele ainda afirmou que o governador Geraldo Alckmin não mandou representante para a reunião por considerar que a ideia seria explorar politicamente o debate sobre a desocupação.

"Enquanto não for vista uma discussão séria, o governo de São Paulo e eu não vamos participar dessa reunião. A audiência pública do jeito que foi montada é instrumento político de interesse do PT, do Suplicy e de outros grupos que se utilizam da miséria alheia para promover seus interesses".

Suplicy reagiu irritado e aos berros negou que tivesse interesse de usar eleitoralmente o caso. O petista disse esperar que Ferreira "tivesse dignidade de ver" as cenas das barbaridades que aconteceram na desocupação e que todos as autoridades envolvidas no caso foram chamadas.

O tucano disse que não ficaria intimidado com gritos. "Pode gritar a vontade que não me impressiona."

São várias as denúncias de abuso de poder e violações dos direitos humanos na área desocupada. Uma moradora acusou ao Ministério Público Estadual 12 PMs que participaram da ação de abuso sexual. A Polícia Militar disse que, embora tenha aberto a investigação, acha pouco provável que as acusações se confirmem.

Ferreira ainda questionou as denúncias afirmando que no momento em que as pessoas foram levadas para delegacia, após apreensão de drogas, não denunciaram os abusos. Isso teria ocorrido uma semana depois da ação. "Isso foi levado ao plenário pelo senador Suplicy e foi contada por pessoas dos gabinetes deles".

A reunião está esvaziada. Apenas três senadores acompanham os relatos de líderes comunitários. Foram convidados o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury, a secretária de Justiça de São Paulo, Eloisa Arruda, e o presidente do Tribunal de Justiça do estado, Ivan Sartori.

Comentários