Andrea Matarazzo: propostas com base na experiência, para resolver problemas da cidade

 Guilherme Calderazzo - Diário do Comércio
05/02/2012

Administrador de empresa e empresário, Andrea Matarazzo, secretário estadual da Cultura, é um dos quatro pré-candidatos do PSDB à disputa pela prefeitura da capital paulista. Depois de acumular experiência na iniciativa privada, atuou como assessor especial do Ministério da Educação e Cultura e, em seguida, assumiu a secretaria de Política Industrial do Ministério da Indústria, Comércio e do Turismo, entre 1991 e 1993. De volta a São Paulo, comandou a Secretaria Estadual de Energia e presidiu a Companhia Energética de São Paulo (Cesp), entre 1994 e 1998.

Em Brasília, entre 1999 e 2002, Matarazzo comandou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República e, depois, foi embaixador do Brasil em Roma. No retorno ao Brasil, em 2005, na capital, tornou-se subprefeito da Sé, depois secretário Municipal de Serviços e, em seguida, secretário de Coordenação das Subprefeituras, até 2009. Diz que várias vezes recebeu e não aceitou convites para se candidatar a deputado federal. Mas a passagem pela administração municipal, a partir de 2005, o levou a decidir participar da eleição para a prefeitura da cidade.

Diário do Comércio – O senhor tem muita experiência na administração pública, mas nunca disputou eleição. Por que decidiu concorrer ao cargo de prefeito da capital? 

Andrea Matarazzo – De todos os cargos que ocupei, os que mais me fascinaram foram os que exerci na prefeitura de São Paulo. Lidava diretamente com assuntos e problemas que interferiam no dia a dia dos habitantes da cidade. Ouvia muito os paulistanos, porque eles sabem quais são as prioridades do lugar onde moram e vivem. Muitas vezes as soluções dos problemas de áreas da cidade surgiam por sugestões dos próprios moradores do lugar. Convidaram-me várias vezes para disputar a Câmara Federal. Não me interessei. A experiência na administração municipal me fascinou e me estimulou a disputar a eleição para a prefeitura da nossa cidade. 

DC – Para ser candidato, o senhor terá de vencer a prévia do partido. O PSDB fará a prévia? Como o senhor faz campanha para vencê-la?

Matarazzo – A prévia é um fato real e deverá ocorrer em março.É uma experiência inovadora no partido e avalizada pelo governador [Geraldo] Alckmin e pelo ex-governador [José] Serra. Nesta fase, faço campanha entre os filiados do partido e em encontros nos 58 diretórios do PSDB. A passagem pela prefeitura me permitiu conhecer muito os problemas de todos os locais da cidade. Os diretórios do PSDB conhecem meu trabalho. Nos encontros, ponho em debate minhas propostas para a cidade. Isto é reconhecido no partido e deverá me favorecer na disputa para escolha do candidato a prefeito. 

DC – Quais as vantagens e os diferenciais do PSDB para vencer a eleição à prefeitura da cidade? 

Matarazzo – Em primeiro lugar, o PSDB é um partido muito bem estruturado. As prévias têm estimulado os filiados e militantes do partido. Há um clima de revitalização no partido, animando a militância, tornando-a mais aguerrida. Além disso, vamos disputar a eleição bem unidos. Outro aspecto é que o governador Alckmin e o PSDB estão muito bem avaliados pelos paulistanos e pelos paulistas. Teremos muita chance de vencer a eleição. Caso eu seja o candidato, minhas propostas vão permitir que os eleitores olhem para a frente, tenham visão de futuro da cidade. E também poderão avaliar o que será feito de imediato para resolver os problemas presentes, que vêm do passado em todos os setores.

DC – É importante formar coligação para a disputa? Com quais partidos? 

Matarazzo – É importante, fundamental, formar coligação com outros partidos na disputa pela prefeitura. As coligações estão sendo tratadas pelo governador Alckmin e pelo partido. Vamos formar uma boa aliança para a disputa. Será boa porque haverá identidade ideológica em torno da gestão da cidade. Tudo indica que teremos o PP como aliado. As conversas também ocorrem com o DEM, que é nosso aliado histórico, com o PTB e com o PSD. 

DC – Qual será o principal adversário do PSDB?

Matarazzo – No momento, há sinais de que será o PT. Se for, vamos vencê-lo mais uma vez. Vamos impedir a vinda da tecnologia do Enem para a capital. 

DC – Se for candidato, quais serão as principais propostas do senhor para a cidade?

Matarazzo – Apresentaremos propostas para melhorar todos os setores de atividade da cidade, em todas as regiões. Se resolvemos um problema, abrimos espaço para a expansão do desenvolvimento de forma ampla. Por exemplo, existem áreas urbanas das zonas sul, norte e leste que precisam ser regularizadas com rapidez. É preciso compatibilizar regularização fundiária com desenvolvimento, manancial com desenvolvimento. Porque as pessoas continuarão morando nos locais, mas é preciso regularizar para poder levar saneamento básico, iluminação pública e asfalto ecológico. Devemos fazer urbanização de favelas. Sem regularização não há emprego, porque ninguém consegue estabelecer uma padaria, um bar, restaurante, loja, já que não consegue a licença. E mais grave: o local fica sem creche e sem unidades de saúde porque não há terreno regularizado. A regularização fundiária é fundamental para que regiões da cidade tenham saneamento básico e atividade econômica.

DC – Como a questão ambiental deve ser tratada nessas áreas? 

Matarazzo – A política de meio ambiente é ampla e tem de valer para toda a cidade. Por exemplo, em relação à preservação, temos um grande programa. Temos de preservar o ambiente, onde é possível essa preservação, mas sem sacrificar a população. Uma parte da região leste ainda é muito verde, preservada. O local precisa de planejamento para se desenvolver. Caso contrário, vai acabar como outros locais: invadido, ocupado ou destruído. Na zona sul, temos uma grande área verde em Parelheiros. Ali também há necessidade de planejamento, para aumentar a atividade econômica e a geração de emprego. Há no local mais de 170 cachoeiras e a cratera de colônia, com 3,6 km de diâmetro, tombada pelo Condephaat. Com isso é possível organizar atividades de turismo ecológico e esporte radical. Ainda há em Parelheiros em torno de 300 pequenos proprietários rurais. A ideia é criar nessas propriedades um grande canteiro de mudas de plantas e de árvores, para que sejam fornecidas para a própria cidade. Na zona leste vamos ter o estádio do Corinthians, o Itaquerão, onde também ocorrerão grandes eventos. Temos de regularizar as áreas da região para favorecer atividades econômicas no local, criando empregos para os moradores da área. Enfim, nossas propostas têm por objetivo solucionar os problemas da cidade, estimulando em cada região o desenvolvimento, criando empregos para os moradores.

DC – O transporte precisa mudar?

Matarazzo – O governo do Estado tem investido muito em metrô e trens. Agora temos de melhorar o sistema de ônibus na cidade. Não é razoável demorar 2h15min da Cidade Tiradentes, na zona leste, até o Parque D. Pedro, no centro. O usuário atravessa esse trajeto em ônibus lotado, chacoalhando e que para 72 vezes em pontos. Vamos propor a criação de mais corredores de ônibus, operados como se fossem metrô. As empresas serão pressionadas para que melhorem as condições dos ônibus. O sistema de ônibus da cidade é mais conveniente para a empresa do que para o usuário. Vamos mudar essa equação, reequilibrá-la em favor do cidadão. 

DC – Quais são as propostas para a saúde e a educação? 

Matarazzo – Temos de reconhecer que houve avanços na saúde e na educação neste governo. Temos de superar carências na saúde. Por exemplo, na zona sul, no Grajaú, o programa de saúde cobre só 40% das famílias. Tem de ser aumentado. Na educação, vamos impulsionar o que já foi feito de bom. Todos os colégios foram reformados, houve mudança no currículo das escolas. Vamos atacar o problema da falta de creches. Uma das saídas é garantir o licenciamento para que imóveis possam ser transformados em creches depois de reformados. Na saúde, vamos ver a real situação dos médicos e dos funcionários. No geral, a saúde precisa de um novo sistema gerencial, totalmente informatizado. Dessa forma, as unidades de saúde – as UBSs, AMAs e hospitais – poderão conversar entre si. O setor terá muito mais eficiência em favor do cidadão.

DC – O que deve ser feito para evitar novas cracolândias? 

Matarazzo – A questão da droga não diz respeito só ao centro da cidade. Os traficantes vieram para o centro e transformaram a venda de droga em um shopping center a céu aberto. Os dependentes químicos vieram para o centro porque havia o tráfico fácil na área. O problema é que há pequenas cracolândias espalhadas no centro, em bairros e na periferia. Do traficante, quem cuida é a polícia. Vamos coibir a venda de droga de forma dura. Nas escolas, os trabalhos serão de prevenção e conscientização contra as drogas. Já os usuários terão de ter tratamento adequado, específico. Temos de dar apoio médico aos dependentes químicos e às pessoas com transtorno mental que circulam pela cidade. No geral, temos de encontrar soluções para melhorar o comércio e os serviços, já que deles é que vem a grande receita da cidade. Então temos de trabalhar para que São Paulo seja mais amigável com sua população.

Comentários

  1. Eu repasso link, na minha opinião relevante a quem deseja administrar a maior cidade do Brasil. Por favor, leiam e reflitam.
    http://www.ecodebate.com.br/2012/02/10/o-modelo-de-desenvolvimento-urbano-de-sao-paulo-precisa-ser-revertido-artigo-de-nabil-bonduki/

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