Um Ceagesp novo - Artigo de Andrea Matarazzo


Brasil Econômico
10/01/2012

Todas as grandes cidades do mundo contam com fortes centros distribuidores de alimentos e produtos para abastecimento dos hotéis, bares, restaurantes, pequenos mercados de bairro. Esses entrepostos se constituíam a alma das cidades, já que a maioria delas se organizava no entorno de um centro comercial dessa natureza. Ainda hoje, alguns mercados em áreas centrais, como o de peixes em Tókio, são locais de grande atração turística. Mas, na medida em que as cidades crescem, suas áreas centrais tendem a assumir outras tantas funções urbanas e o grandes entrepostos, por exigirem intensa circulação de caminhões, são levados para locais isolados.

Vejamos o caso de São Paulo. Na década de 70, o Mercado Central já não atendia às necessidades da metrópole e foi necessário criar uma alternativa em local considerado periférico: a Vila Leopoldina. Por estar quase na confluência dos rios Pinheiros e Tietê, junto a estradas estaduais, aquele local permitia a facilidade na chegada de hortifrutigranjeiros. Este entreposto, que nós paulistanos conhecemos como Ceasa, é um dos maiores do mundo. Foi estabelecido pelo governo do estado, mas passou à administração federal em 1997.

Está mais do que na hora de repensar suas funções e localização. A atividade atacadista de distribuidores e os compradores tenham seu trabalho facilitado, com menos desperdício de mercadorias, maior agilidade na carga e descarga, acesso a instala,ões de alto padrão e serviços de excelência.

A conclusão do Rodoanel e a perspectiva de Ferroanel são oportunidades valiosas para que se reduza drasticamente a entrada de grandes caminhões na cidade. Seria ideal aproveitar a nova infraestrutura para construir um moderno e amplo mercado atacadista próximo ao Rodoanel.

Esta é uma tarefa na qual a Prefeitura de São Paulo deve se engajar, em estreita articulação com os governos federal e estadual, os permissionários (empresários que dispõem de espaços no Ceasa) e investidores privados. E não é tema no qual a prefeitura possa de aventurar sozinha, por  se tratar de uma plataforma logística que abrangerá a Região Metropolitana. Vale lembrar que o atual entreposto é administrado pela União e atende a grande parte do país, e mesmo a diversos locais da América Latina.

O Projeto de um novo centro comercial poderá integrar serviços avançados e complementares à cadeia produtiva, como a pré-industrialização de alimentos, fabricação de gelo, aluguel e venda de equipamentos para restaurantes e cozinhas industriais. É importante que sua concepção e planejamento incorporem ganhos ambientais, urbanísticos, tornando-se referência em logística e política integrada..

E o que se pode prever para a área hoje ocupada pelo Ceasa? Esta é uma questão a ser discutida pela cidade, uma decisão ampla e democrática. Podemos manter ali o Mercado de Flores? É preciso criar um bairro exemplar, com cuidados ambientais, alta qualidade urbanística, fácil mobilidade e que mescle serviços, residências e comércio. 

Andrea Matarazzo - Secretário estadual de Cultura de São Paulo



















Comentários

  1. Considerando este tópico:

    "Está mais do que na hora de repensar suas funções e localização. A atividade atacadista de distribuidores e os compradores tenham seu trabalho facilitado, com menos desperdício de mercadorias, maior agilidade na carga e descarga, acesso a instalações de alto padrão e serviços de excelência".

    Eu sugeriria a descentralização do CEAGESP, ou seja, CEAGESPs norte, sul, leste e oeste. Cada um deles atenderia especificamente a sua região. Esses CEAGESPs receberiam os produtos das mesmas regiões do estado, isto é, o fornecimento também seria descentralizado. Mais ou menos assim, o CEAGESP norte receberia produtos dos fornecedores mas próximos e os outros idem. Na minha opinião haveria possibilidade de contribuir também com a fluidez do tráfego.

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