Matéria do JT destaca Paulo Mathias presidente da JPSDB-SP


A juventude partidária

Conheça Erik Bonzan, Paulo Mathias e Devanir Ribeiro, os presidentes das alas jovens do PT, PSDB e PMDB. Saiba o que eles pensam e porque, apesar da idade, decidiram se dedicar à política.

GILBERTO AMENDOLA - JT

PSDB

O presidente estadual da Juventude do PSDB, Paulo Mathias, 21 anos, não tem tanto interesse por carros. Ainda assim, seu período na autoescola tornou-se marcante na trajetória política. “Quando estava tirando minha carteira de motorista, conheci uma pessoa que era próxima do Geraldo (Alckmin). Ele notou que eu gostava de política e que queria participar. Entrei para o partido e conheci Geraldo”.

Filho de um dentista com uma poetisa, Mathias sempre gostou de horário eleitoral gratuito – não raro insistindo para os seus pais não desligarem a TV durante as propagandas. Aliás, a escolha pela faculdade de direito foi baseada em seu incomum gosto por debates políticos. “Acho que é um curso que tem a ver com a minha atuação política”. Neste ano, Mathias transformou-se em vice-presidente do tradicional centro acadêmico da PUC, o 22 de Agosto. “Foi eleição apertada. Ganhamos por apenas 9 votos”.

Mathias admite que não é fácil fazer política estudantil estando fora do “guarda-chuva” da esquerda mais tradicional. “É muito mais chamativo quando você tem opiniões radicais e exóticas. Mas acho que, na PUC, conseguimos convencer as pessoas que uma posição mais equilibrada era possível”, diz. “No mais, não acredito nesta história de ‘direita e esquerda’”, completa.

O estudante conta que a política acaba interferindo em sua vida pessoal. Sua última namorada teria chegado ao ponto de dizer: “Ou eu ou o partido”. Resultado? Hoje, Mathias está solteiro.

Como presidente do PSDB, Mathias apoia o pré-candidato Bruno Covas – mas insiste em dizer que esse é um apoio pessoal e não da totalidade da juventude tucana. Ele se diz empolgado com a possibilidade de prévias no PSDB e considera a candidatura de Covas como uma possibilidade real de renovação. “Está na hora de uma renovação dos quadros”.

Por falar nisso, Mathias ganhou destaque na mídia quando foi chamado por José Serra de “pelego” (o ex-governador estava, aparentemente, contrariado por não constar em uma publicação da juventude tucana e também por ver seu rival interno, Aécio Neves, receber convites para dar palestras para a juventude em São Paulo). Mathias afirma que tudo não passou de um mal-entendido e que Serra é uma referência para ele e para a juventude.

PT

A primeira lembrança política de Erik Bonzan, 23 anos, é de acompanhar a mãe, professora da rede pública, durante uma passeata por melhores salários e condições de trabalho. “Eu sempre gostei desse clima de manifestação popular. Quando minha mãe me levou, e eu ainda era criança, fiquei muito empolgado. Acho que veio daí meu gosto por política.”

Com pais simpatizantes do PT – e um precoce engajamento em grêmios estudantis, não foi difícil para Bonzan escolher um partido para iniciar sua carreira política. Além disso, ele iniciou uma faculdade de Ciências Sociais na FESP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo). “Mas tive que trancar por causa da grana. Sou um legítimo petista”, brinca. Atualmente, Bonzan está desempregado.

Desde setembro atuando como presidente municipal da Juventude petista, Bonzan diz que, apesar da agenda apertada, consegue manter uma vida normal: “Não vivo só de política”. Ainda assim, admite que boa parte do lazer acontece dentro do espaço partidário. “Mas no momento estou solteiro”.

Bonzan acredita que a Juventude do PT tem a missão de oxigenar o debate interno e formar novas quadros – o que não é fácil em qualquer partido, mas é ainda mais complicado no PT. Principalmente porque lá o carimbo “fundador do partido” tem um peso muito grande (a ponto de deixar a “velha guarda” em vantagem nas disputas internas). Por falar nisso, Bonzan ficou satisfeito com a indicação de do ministro Fernando Haddad como pré-candidato do PT. “É um nome novo, sinal de renovação. Aliás, nesta campanha, renovação e juventude serão os grandes temas ”, diz.

O presidente municipal achou coerente o partido dispensar as prévias, mas só desta vez: “Foi um consenso, bom para a unidade do partido. Aqui, as disputas são pra valer. As pessoas torcem como se fosse por times de futebol”, diz Bonzan. Que, aliás, é corintiano.

Sobre a administração Gilberto Kassab, ele diz que o “pai” do PSD é somente criatura de José Serra – e que foi eleito graças a boa propaganda eleitoral. “Votaram no Kassabinho (boneco que representava o prefeito).”
Bonzan também afirma que ser “petista” em determinados ambientes é quase um xingamento. “As pessoas já pensam em greve, manifestação e contestação”. Apesar desta “imagem”, Bonzan afirma que é, sim, um cara de esquerda. “Quem diz que esquerda e direita não existem mais está repetindo um discurso de direita”.

PMDB

Devanir Ribeiro, presidente da Juventude Estadual do PMDB, tem 31 anos. “Eu sei, eu sei…Também não fico confortável com isso. Estamos nos reestruturando e, assim que possível, vamos mudar as regras da juventude do PMDB. Seus integrantes terão, no máximo, 29 anos”, explica.

Ribeiro tem um pai que já foi militante no sindicato dos metalúrgicos e, consequentemente, um petista de carteirinha. “Meu nome, Devanir Ribeiro, foi uma homenagem ao Devanir Ribeiro do PT (deputado federal). Eles são amigos desde os 15 anos”, conta. O pai de Ribeiro também chegou a filiá-lo no PT. “Mas eu era muito novo. Depois, fiz minhas próprias escolhas. Meu pai ficou um pouco chateado, mas entendeu minha opção”.

Antes de entrar, definitivamente, para a política, Ribeiro foi diretor da Torcida Jovem do Santos. “Tenho até uns pontos na cabeça, que ganhei numa briga de torcida. Hoje, continuo acompanhando o Santos, mas não me meto mais neste tipo de confusão”.

A vocação política surgiu em grêmios escolares, mas ficou evidente quando se tornou presidente do centro acadêmico da Universidade São Judas Tadeu (onde cursou contabilidade). “Tinha uma coisa no contrato da universidade que dava o direito da instituição usar as imagens dos alunos indiscriminadamente. Ninguém tinha notado isso. Eu peguei e fui pra cima. Conseguimos tirar isso do contrato”, conta.

Ao escolher o PMDB como casa, Ribeiro diz ter se sentido como se tivesse alcançado um patamar superior em termos de política partidária. “Um lugar que já teve Ulisses Guimarães e outros nomes – mesmo aqueles que já saíram e formaram outros partidos”, diz. “Além do mais, aqui no PMDB a gente tem a oportunidade de fazer cursos de formação política. Existe uma preocupação real com a formação de quadros”. Devanir se define como sendo de direita ou de esquerda? “Isso pra mim é sinal de trânsito”, diz.

Ribeiro também se diz animado para as próximas eleições municipais. Segundo ele, a candidatura Gabriel Chalita vai empolgar a militância, principalmente a jovem – além de ajudar na reconstrução do PMDB em São Paulo.

Sobre o que tem aprendido em sua militância (relativamente) jovem, Ribeiro é direto. “Política não se faz com o coração. Aprendi isso enfiando o dedo na tomada”, diz. “Faço política porque não sei ficar indiferente, quero participar”.

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