Kassab acerta apoios com PT


JULIA DUAILIBI - JT

Após promover aproximação com o governo federal na esteira da criação do seu partido, o PSD, o prefeito Gilberto Kassab, passou a priorizar na eleição de 2012 alianças com petistas, principalmente na Região Metropolitana. Tradicional aliado do PSDB desde a época em que era do PFL, Kassab mantém relação mais próxima com prefeitos e dirigentes do PT paulista que com o PSDB do governador Geraldo Alckmin.

Entre tucanos, o diálogo maior é com a ala do ex-governador José Serra. Kassab já articula com o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), a criação de dobradinhas PT-PSD na Grande São Paulo – o petista é uma das apostas do ex-presidente Lula para o governo em 2014. A aproximação de Kassab com o PT atende a seu projeto político, que também passa pela eleição estadual e nacional. O prefeito não descarta se aliar ao PT num segundo turno nas disputas municipal de 2012 e estadual de 2014, quando pode disputar o governo. A aliança com os tucanos na capital sofre impasse: nem PSDB nem PSD aceitam abrir mão da cabeça de chapa. Com aval da ala serrista, Kassab propôs acordo com tucanos segundo o qual o PSDB apoiaria Guilherme Afif Domingos (PSD) e Kassab, a reeleição de Alckmin em 2014. Mas a proposta foi rechaçada por alckmistas.

O PSD apoiará, por exemplo, o candidato petista em Santo André, o deputado estadual Carlos Grana, após pedido de Marinho. Na cidade, os tucanos estarão em outro polo: como apoiaram a eleição do prefeito, Aidan Ravin (PTB), caminham para reeditar o aliança, apesar de haver pressão para o lançamento de candidatura própria com o vereador do PSDB Paulinho Serra.

O acordo em Santo André avançou depois que Marinho pediu a Kassab que convencesse o presidente da Câmara Municipal, Police Neto (PSD), a apoiar Grana. A pedido do prefeito, Police Neto recebeu petistas na Câmara Municipal e acertou a aliança na cidade.

O parlamentar, que saiu do PSDB neste ano, havia atuado em favor do candidato do PTB na eleição anterior. Kassab e Marinho se aproximaram na época em que o petista esteve no governo Lula – entre 2005 e 2008 ele foi ministro do Trabalho e da Previdência.

Em 2008, foi eleito prefeito, e Kassab, ainda no DEM, atuou para que a legenda migrasse para a base de Marinho com seus dois vereadores. Garantiu a maioria para o prefeito. O PSD na cidade nasceu alinhado a Marinho. O presidente do partido, vereador Fábio Landi, seguiu Kassab ao abandonar o DEM e fundar a nova legenda.

Em Carapicuíba, Marinho e Kassab articularam para manter a dobradinha PT-PSD na tentativa de reeleger o prefeito petista, Sérgio Ribeiro, em 2012. O vice-prefeito, Salim Reis, foi outro que abandonou o DEM para ingressar no novo partido. O prefeito paulistano também mantém boa relação com o colega de Osasco, Emídio Souza. Lá o PSD pode lançar um candidato próprio, o vereador Oswaldo Vergínio, ou apoiar o PT com o deputado João Paulo Cunha.

Desde que criou o PSD, em setembro, Kassab vem se aproximando do governo federal. Embora o discurso oficial seja de independência, a nova legenda se alinhou a interesses do governo Dilma Rousseff no Congresso. Contraste na capital A relação com o PT na capital, no entanto, ainda é difícil.

O partido faz oposição a Kassab, apesar de alguns petistas na Câmara Municipal terem bom trânsito com o prefeito. Já há uma discussão interna sobre se a campanha do candidato petista, o ministro Fernando Haddad (Educação), deve ter discurso crítico ou mais ameno em relação a Kassab.

Quem advoga a temperança pretende deixar portas abertas para um segundo turno contra o candidato do PSDB. “É possível apresentar um projeto alternativo a Kassab sem ser agressivo e mantendo pontes para um diálogo”, disse o presidente estadual do PT, Edinho Silva.

A ida de Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, para o PSD teve o aval do ex-presidente Lula, com quem Kassab encontrou-se para discutir a formação da sigla. Kassab quer que Meirelles dispute a Prefeitura, mas ele resiste à ideia. É cotado para assumir um ministério na cota do PSD, caso o partido embarque oficialmente no governo Dilma.

Comentários