Entrevista com o candidato: Andrea Matarazzo - Revista Época


FELIPE PATURY - Revista Época

Secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Andrea Matarazzo quer debutar nas urnas como candidato a prefeito de São Paulo. Tucano, 55 anos, ligado ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e ao ex-presidenciável José Serra, ele já foi ministro da Comunicação Institucional, embaixador em Roma, secretário de Subprefeituras da capital paulista e presidente da Cesp. Herdeiro de um dos nomes mais tradicionais do empresariado nacional, o elegante Matarazzo acredita o fato de vir de uma família de elite não atrapalhará na conquista de votos na periferia e se recusa a abandonar os ternos sob medida, finas gravatas e elegantes abotoaduras para fazer política. “Não vou vestir um personagem para ser candidato”, avisa.

Ainda há quem duvide de que as prévias são para valer. São? 
Olha, o PSDB vai ter prévias e o grande avalista desse processo é o governador Geraldo Alckmin. Ele marcou as prévias para o final de fevereiro ou o início de março. Então, serão quando elas vão ocorrer.

E se o ex-governador José Serra decidir ser candidato? 
Serra tem dito e afirmado em todas as oportunidades que não é candidato a prefeito de São Paulo. O que ele está observando é o cenário nacional, não o municipal. Ele é candidato a presidente da República.

Essa vaga no PSDB já não pertence ao senador mineiro Aécio Neves? 
Hoje, o PSDB ainda não tem candidato certo. Esse quadro só começará a ser desenhado depois das eleições municipais do próximo ano.

Quais são suas chances de vencer as prévias? 
Grandes. O Tribunal Regional Eleitoral informou ao vereador Floriano Pesaro que teremos 41 000 eleitores distribuídos em 58 diretórios zonais. Há muitos anos, trabalho com o partido e no partido. Os filiados do PSDB conhecem minha capacidade executiva, que foi testada nos cinco anos que passei na prefeitura. As apresentações que faço quase diariamente depois do fim do expediente na Secretaria de Cultura do estado são muito bem recebidas. Não tenho pesquisas, mas, pelas informações que recebo, posso garantir que tenho boas chances de ser escolhido candidato.

Como andam as negociações para uma aliança com o PSD do prefeito Gilberto Kassab? 
As conversas não são só com o PSD. Queremos formar uma aliança ampla, com o PSD, o DEM e o PP. Temos o governador de estado, que está bem avaliado, um partido bem avaliado no estado e queremos a cabeça de chapa.

Isso é inegociável? Não há a possibilidade de o PSDB ceder a cabeça da chapa ao PSD? 
É muito difícil. O processo será conduzido pelo governador Geraldo Alckmin, que é o maior líder político do estado. Ele tem falado que o PSDB deve ficar com a cabeça de chapa.

Quais são seus trunfos? 
O cargo requer alguém que sempre tenha demonstrado ser um paulistano, conhecedor dos problemas da cidade e com experiência no Executivo. O cargo de prefeito de São Paulo não pode ser dado a diletantes. Isso não é eleição para grêmio estudantil. Requer pessoas experimentadas e obstinadas.

O nome Matarazzo é sinônimo de riqueza. O senhor tem o título de conde e é conhecido por sua elegância. Isso pode atrapalhar sua aceitabilidade entre os mais pobres?
De forma alguma. O nome Matarazzo, que eu carrego com muito orgulho, é sinônimo de trabalho e honradez. À noite, saio da secretaria pego o metrô para ir a reuniões políticas com o mesmo terno e abotoadura que usei o dia inteiro. Ninguém está interessado nisso e eu não vou vestir um personagem para ser candidato.

Felipe Patury (Foto: Leonardo Soares/AE)

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