Ex-ministro Wagner Rossi é indiciado por fraude e formação de quadrilha


A Polícia Federal indiciou ontem criminalmente o ex-ministro Wagner Rossi (Agricultura) por formação de quadrilha, peculato e fraude à Lei de Licitações. Durante duas horas, Rossi foi interrogado pelo delegado Leo Garrido de Salles Meira, que conduz inquérito sobre suposto desvio de R$ 2,72 milhões do Programa Anual de Educação Continuada (PAEC) para capacitação de servidores do ministério.

O ex-ministro negou envolvimento nas irregularidades que a PF aponta. A PF atribui a Rossi o papel de "líder de organização criminosa enraizada no seio do Ministério da Agricultura".

Rossi disse que ministro não tem atribuição para acompanhar processos de licitação. Segundo ele, ministro tem "posição política, papel estratégico".

Rossi foi o quarto ministro do governo Dilma Rousseff (PT) que perdeu o cargo. Ele caiu em agosto, mergulhado em uma sucessão de denúncias envolvendo sua gestão em tráfico de influência, falsificação de documento público, falsidade ideológica, corrupção ativa e distribuição de propinas a funcionários que teriam participado do procedimento administrativo que ensejou a contratação da Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da PUC-SP.

Orientado pelo criminalista Claudio Pimentel, seu defensor, o ex-ministro respondeu a todas as indagações da PF. Rossi poderia pedir para depor em Ribeirão Preto, onde mora, mas fez questão de ir à Superintendência da PF em Brasília. Reiterou que não tem ligação com o que aconteceu em repartições distantes de seu raio de ação.

Rossi rebateu a suspeita de que ele e seu então chefe de gabinete Milton Ortolan teriam se associado ao lobista Júlio Cesar Froes Fialho "para direcionar a execução do programa de capacitação de servidores para determinada instituição de ensino, da qual seria exigida vultosa quantia, consistente em um porcentual do valor recebido para a prestação do serviço".

O delegado Leo Meira insistiu em saber do ex-ministro detalhes e procedimentos da pasta. Rossi afirmou que não conhece "essas pessoas", referindo-se a outros indiciados no inquérito.

O advogado Claudio Pimentel é taxativo. "Esses fatos estavam a quilômetros de distância do ministro. Ele nega peremptoriamente as acusações. Não há uma única prova de seu envolvimento em qualquer dos episódios investigados." Para Pimentel, "o que existe é uma construção intelectual de ilações que levou a autoridade policial a determinar o indiciamento do ministro".

Fonte: FAUSTO MACEDO - O Estado de S.Paulo

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