Cultura contra o racismo - Artigo de Andrea Matarazzo


A cultura tem um inegável poder de transformação. Por meio dela, novos ideais e comportamentos surgem e se modificam, fazendo evoluir as relações sociais. Junto com outros fatores, como educação e organização política, a cultura colabora para a construção e fortalecimento da identidade de uma população.

Nesta semana em que comemoramos o Dia da Consciência Negra, este papel fica muito claro. Não por acaso, a data dedicada à luta contra a discriminação racial é marcada principalmente por grandes festas públicas dedicadas às manifestações culturais representativas do povo afro-brasileiro.

Em São Paulo, as comemorações do 20 de novembro têm acontecido com apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura. Não será diferente em 2011, declarado pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes.

Neste fim de semana, promoveremos no sábado (19/11) o V Encontro Paulista de Hip Hop no Memorial da América Latina. No domingo, haverá o já tradicional Show da Consciência Negra, desta vez na Praça da Luz. Os dois eventos são os mais importantes do calendário voltado à promoção da diversidade racial, mas não os únicos: apenas coroam um trabalho permanente que tem o objetivo de usar a cultura para enfrentar o racismo.

Ao incentivar diretamente as manifestações culturais ligadas à população negra brasileira, o poder público ajuda a promover sua autoestima e contribui em seu fortalecimento para o debate. Ao mesmo tempo, possibilita ao todo da sociedade, indistintamente, acesso a aspectos culturais que estão na base do que foi e do que é o Brasil. Promovendo o conhecimento cultural, combatemos diretamente uma das bases da discriminação racial: a desinformação.

Nesse sentido, é preciso lembrar que embora a cultura afro-brasileira seja conhecida mais comumente por suas manifestações tradicionais – o afoxé, o candomblé, o samba, dentre outras – ela se apresenta de maneira fortíssima também em formas de expressão muito contemporâneas e cosmopolitas, a exemplo do hip hop. Esta manifestação essencialmente urbana e jovem agrega não só a música e a dança, mas também o grafite, no campo das artes visuais.

O Programa de Ação Cultural (ProAC) é um exemplo desse olhar permanente e cuidadoso sobre a diversidade. Criado para apoiar a produção artística independente com recursos governamentais, o ProAC promove em seus editais tanto o apoio às culturas tradicionais, em que se incluem as comunidades quilombolas, quanto o incentivo às práticas contemporâneas, como o hip hop.

Quem tem a tarefa de gerir uma política pública cultural preocupada com a diversidade precisa ter esta questãoem vista. Precisa, acima de tudo, fomentar discussões, atuar para a conscientização da sociedade e, desta forma, dar alguma contribuição para o enfrentamento do racismo.

Acreditamos que cultura é consciência, e o preconceito é inversamente proporcional à cultura de uma sociedade.

Fonte:  Metro News

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