A melhor forma de preservar o patrimônio histórico e cultural é ocupar e utilizar os imóveis tombados, evitando o abandono de espaços importantes da cidade. Por isso, vejo de forma positiva o projeto para o Hospital Umberto Primo, conhecido como Hospital Matarazzo. Próximo à Avenida Paulista, o complexo de prédios foi tombado pelo Condephaat em 1986, não só pela arquitetura, mas pela importância para a cidade. Tenho carinho especial pelo lugar, por ter nascido naquela maternidade. O hospital sempre foi um grande orgulho para a colônia italiana.
Construído pela Societá de Beneficenza in San Paolo em agosto de 1904, com o nome Ospedaria Umberto 1, tinha o objetivo de oferecer serviços médicos para imigrantes italianos. Francesco Matarazzo teve papel importante na criação do hospital, encaminhando funcionários de construção das Indústrias Matarazzo para a obra, doando azulejos e louças e, principalmente, sendo seu patrono. Em volta do prédio principal, outras instalações foram construídas. No início do século, tornou-se uma das principais maternidades de São Paulo. Na década de 70, chegou a atender 40 mil pacientes por mês. Também foi o maior centro de atendimento a queimados da América Latina e recebeu as vítimas dos trágicos incêndios dos edifícios Andraus e Joelma, em 1972 e 1974. Na década de 80, foi estatizado pelo governo do estado e, infelizmente, teve seus leitos fechados poucos anos depois.
O complexo passará, em breve, por um restauro. Pelo pré-projeto que tive a oportunidade de ver, a ideia é manter os prédios como são, reformando apenas a parte interna e o subsolo. A antiga maternidade deve se tornar um hotel. Já os outros prédios serão ocupados por um complexo cultural. As mudanças devem ser feitas respeitando as normas de tombamento, mantendo elementos que retratam uma época da história de São Paulo e ganhando novos usos, o que vai revitalizar a região.
Andrea Matarazzo é secretário estadual de Cultura de São Paulo. E-mail: amatarazzo@sp.gov.br
Fonte: Diário de S.Paulo
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