Canal Brasil exibe hoje (09/08) entrevista com FHC


Ex-presidente concedeu entrevista sobre sua trajetória e fez reflexão sobre a vida no poder

Num tom intimista, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reconheceu que há uma certa solidão no poder e revelou, após completar 80 anos, que não está seguro se será lembrado no longo prazo. Em entrevista concedida ao jornalista Eric Nepomuceno, e que será transmitida às 21h desta terça-feira, 9, no Canal Brasil, o ex-presidente afirmou que tem pavor de ficar semilúcido ou semiparalítico e que conversa, por meio da memória, "com aqueles que já se foram". "Eu fico imaginando o que fulano, o que beltrano, sobretudo a Ruth Cardoso, o que diriam em certa circunstância", disse. No breve bate-papo, o ex-presidente dimensionou a sua solidão como grande e ressaltou que aquele que tem poder tem de "tomar cuidados que normalmente não precisaria tomar".

"Não é a solidão no sentido de que você não seja cercado por pessoas, mas é que você tem de ser muito reservado em muitas matérias, porque tudo o que você fala circula", ressaltou. "E certas questões no poder são suas, você não pode delegar, não tem nem com quem conversar", acrescentou. O ex-presidente se considera uma pessoa feliz e avalia que a vida não lhe deve nada. "Eu acho que eu devo à vida, eu não tenho do que me queixar", afirmou. "Eu não me sinto credor dos outros, talvez eu deva retribuir por muito o que recebi", emendou.

O tucano admitiu que não está seguro se, no longo prazo, será lembrado. No curto prazo, ele disse acreditar que será recordado pela estabilização da economia e por ter sido um democrata. "Na história, as pessoas são julgadas, rejulgadas, voltam a ser julgadas e a percepção futura vai variando", disse. "Eu não tenho a pretensão de ter um julgamento estável", afirmou.

Ele disse ainda que poderia ter sido mais audacioso na juventude e foi categórico quando questionado se tinha alguma frustração em sua trajetória política. "Na política, eu não tenho frustrações", respondeu. O tucano considerou ainda que, se não tivesse perdido as eleições para a Prefeitura de São Paulo, em 1985, "não teria sido provavelmente mais nada". "Eu não tinha maturidade", observou. Ele reconheceu ainda que a Revolução Cubana, de 1959, foi uma "marca muito forte" e um fato "muito significativo".

Fonte: Gustavo Uribe - Agência Estado

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