A multiplicidade da Augusta - Artigo de Andrea Matarazzo


Desde o tempo em que Roberto Carlos passava por ali a 120 km por hora, a Rua Augusta é uma referência da cultura paulistana. Hoje, a rua toda, em especial a região do Baixo Augusta, reúne pessoas de diferentes estilos, idades e classes sociais. Lembro-me da chegada do Grupo Satyros em 2000 e, quando era subprefeito da região central, em 2006, da vinda dos Parlapatões. Esses grupos teatrais deram origem a um dos polos culturais da cidade, na Praça Roosevelt. Esse também foi o lugar escolhido pelo governo estadual para ser sede da São Paulo Escola de Teatro. A praça, antes dominada pelo tráfico e pela prostituição, está sendo modificada por meio da cultura. É uma das provas de que a arte transforma não só pessoas, mas espaços.

Até os bares e restaurantes da região trazem mais do que boa comida e incluem ações culturais na programação. O Rose Velt, por exemplo, apresenta saraus todas as quartas-feiras, com poesia, artes plásticas e cinema. Ao lado, o Papo, Petisco e Cia tem um espaço para venda de discos, livros e objetos de decoração antigos. A cada quarteirão, há pequenas reservas de cultura, como sebos, antiquários, lojas de disco. Na altura da Fernanda de Albuquerque, fica um espaço interessante chamado Endossa, uma loja colaborativa em que várias pessoas dividem o mesmo espaço, expondo novas tendências de moda. Um exemplo de economia criativa. 

A vida noturna também faz com que a Augusta mantenha sua modernidade. Recordo-me do Vegas, um dos primeiros a se instalar na nova fase da região. Em seguida veio o Sonique, de Beto Lago, defensor do Baixo Augusta. Recentemente, o clube The Society foi instalado em um casarão clássico, totalmente reformado. Caminhar pela Rua Augusta é uma experiência humana única, em que todas as culturas se encontram. Uma prova que a convivência das diferenças dá grandes resultados.

Andrea Matarazzo é secretário estadual de Cultura de São Paulo. E-mail: amatarazzo@sp.gov.br

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