
- A gente sempre espera alguma, mas foi demais. Com sinceridade eu não esperava. Eu só tenho que agradecer por chegar aos 80 anos e ser tão festejado - disse o ex-presidente.
As comemorações começaram na semana passada em um jantar para 500 convidados, uma iniciativa do ex-ministro da Casa Civil Clóvis Carvalho, amigo pessoal do ex-presidente. A Comissão Executiva Nacional do PSDB prepara uma outra homenagem no dia 30 no Senado, onde estão sendo esperados ex-ministros do seu governo e governadores de diferentes partidos. Em uma entrevista logo após o concerto, o ex-presidente voltou a dizer que não tem inimigos e que se considera uma pessoa afetiva com vontade de ajudar, nunca atrapalhar. FHC afirmou que procura evitar ressentimentos e que não guarda "mágoa na geladeira".
- Não é o meu estilo. Eu prefiro sempre olhar as pessoas no ângulo positivo. Eu não tenho ressentimento. Um aqui foi injusto, talvez. Mas eu aprendi a separar o que dizem de mim como personagem e o que eu sou. Nem sempre as pessoas estão se referindo a mim como pessoa, mas como personagem. E tem que brigar um personagem com o outro, eu e o Lula, por exemplo. Eu gosto do Lula. Espero que ele ainda goste de mim - afirmou.
O ex-presidente disse que ainda não é hora para fazer um balanço de sua vida, escrevendo uma auto-biografia, e contou um pouco do seu dia a dia. Pela manhã, fica em casa estudando, lendo ou escrevendo alguma coisa. Faz exercícios algumas vezes na semana e de vez em quando, no sábado e domingo, vai para a sua chácara onde costuma nadar quando o tempo está quente. À tarde, trabalha no Instituto Fernando Henrique Cardoso e viaja muito. No mês passado, atravessou três vezes o Atlântico para fazer conferências e em organizações internacionais. Segundo ele, essa é, inclusive, uma maneira de juntar recursos para pagar as suas despesas.
Fernando Henrique disse que ficou contente com a mensagem da presidente Dilma Rousseff pelo seu aniversário. Ele explicou que recebeu a carta com surpresa e que ficou tocado com o carinho de Dilma. Se tivesse que mandar uma mensagem a Dilma, o ex-presidente disse que diria para ela não fraquejar e ter coragem.
- Pode ser que eu não esteja de acordo, mas ela acreditando será bom para o Brasil. Ela não tinha obrigação (de enviar a carta). Ela foi afetiva e eu fiquei tocado, gostei. Acho que é bom para o Brasil que um presidente e os ex-presidente tenham uma relação normal, civilizada, principalmente para pessoas que não são do mesmo partido. Isso é um símbolo, é importante - afirmou.
Ele disse que o Brasil já aprendeu a lidar com a inflação, mas disse que ainda terá de fazer escolhas importantes para se tornar um país rico, "decente", e pronto para competir com economias como China e Estados Unidos. Ele contou que ganhou voz novamente dentro do partido, mas que não pretende exercer o papel de líder político no dia a dia.
- Sou um ex-presidente e tenho um papel que não pode ser limitado a um partido. Eu tenho que pensar sempre no Brasil. Meus planos para as próximas décadas é primeiro que Deus me mantenha vivo. Não é tão fácil assim. Mas que eu possa continuar escrevendo e dizer o que penso com sinceridade, com tranquilidade, sem querer magoar ninguém, mas com convicção - afirmou.
Sobre a crise no PSDB, ele disse que ela já passou com o fim das eleições.
- Há uma discussão do que fazer depois, mas agora é um momento de união. O PSDB tem muita chance. É um partido que ganhou em São Paulo, Minas, Tocantins, Pará, Goiás, Paraná. Não há crise. A crise, às vezes, é na liderança. Os partidos têm vida difícil. O PSDB continua sendo uma alternativa de poder - afirmou.
Fonte: Wagner Gomes - O Globo
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