FHC e as drogas: atitude de estadista


Dizem que um governante simples pensa na próxima eleição. Mas um estadista pensa na próxima geração. É por isso que a decisão de Fernando Henrique Cardoso de se expor em um polêmico documentário, que defende uma nova visão sobre as drogas, é uma atitude de estadista. 

Vi que o PSDB estava temeroso com os efeitos das posições de Fernando Henrique Cardoso em relação às drogas, enfatizada no documentário. Isso porque o partido, como se sabe, está ligado à próxima eleição, o que é compreensível. 

Existe uma aposta (correta, no meu modo de ver) de que no futuro vai vencer a visão de que drogas é um problema de saúde pública, e que a repressão tem sido, em muitos casos, mais um problema do que uma solução. É preciso ter coragem, sendo um político, para dizer isso agora. 

Qualquer nação precisa de políticos que não se guiem apenas pelas pesquisas de opinião. Mas digam o que não queremos ouvir. Alguns pagam um preço muito caro no presente, mas só são reconhecidos no futuro.


Gilberto Dimenstein, 53 anos, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha.com às segundas-feiras.

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