Após 12 anos, a Câmara Municipal vai decidir se abre processo para cassar ou suspender o mandato de três vereadores acusados de quebra de decoro. A Corregedoria da Casa acusa Netinho de Paula (PC do B), Antonio Goulart (PMDB) e Ushitaro Kamia (DEM) de mau uso do dinheiro público. Os relatórios serão votados na terça-feira em plenário. São necessários 28 votos dos 55 parlamentares para cada caso ser admitido como um processo.
Acusado de usar notas frias para justificar gastos com a verba de gabinete, caso revelado pelo JT em 2010, Netinho teve pena de 30 a 90 dias de suspensão do mandato indicada pelo relator do caso na Corregedoria, Antonio Carlos Rodrigues (PR). Mas a pena pode ser agravada para um pedido de cassação, caso o plenário aceite abrir processo contra o comunista, que é 1º secretário da Mesa e pré-candidato à Prefeitura em 2012.
A defesa do parlamentar argumenta que, juridicamente, a pena da suspensão não poderá ser agravada. “O vereador não poderá de forma alguma ter a pena de cassação”, disse o advogado Artur Mathias. Membro da Corregedoria, o vereador José Américo (PT) considera que há evidências para cassar os três parlamentares. “As provas são muito fortes”, afirma.
Gráfica e donativos
Em seu relatório que investigou a contratação da gráfica da mulher do vice-presidente da Casa, Goulart, em seu gabinete, o relator Wadih Mutran (PP) indica que a pena de perda de mandato pode ser aplicada no caso. O caso também foi revelado pelo JT em janeiro. Procurado, Goulart não retornou às ligações até as 20h30.
Máfia dos fiscais
O último processo de cassação na Câmara foi em 1999, no escândalo conhecido como Máfia dos Fiscais. Na época, os vereadores Vicente Viscome, Maeli Vergniano e Hanna Gharib foram acusados de integrar esquema que extorquia dinheiro de comerciantes com a ajuda de fiscais das administrações regionais (hoje subprefeituras). Houve prisões de parlamentares, tentativas de assassinato e até um exame de DNA do ex-prefeito Paulo Maluf, que provou não ser pai da neta de fiscal da Penha.
Diego Zanchetta e Rodrigo Burgarelli
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