Parceira da Petrobrás fez contrato com Palocci


WTorre confirma ter efetuado pagamento à consultoria do ministro-chefe da Casa Civil


A construtora WTorre, empresa que mantém negócios com a Petrobrás, confirmou nesta sexta-feira, 20, em nota oficial divulgada à imprensa, que contratou os serviços da Projeto Consultoria Econômica e Financeira, do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. "A WTorre contratou a Projeto Consultoria Financeira para prestar consultoria em assuntos corporativos, assim como tem por prática acionar diversas outras empresas de assessoria", disse a empresa. É o primeiro cliente de Palocci que informa publicamente a contratação da Projeto.

A WTorre tem negócios imobiliários com fundos de pensão e Petrobrás. O contrato do grupo com a empresa de Palocci foi revelado nesta sexta pelo jornal Folha de S. Paulo. Na nota divulgada, a WTorre tenta se desvincular de qualquer ligação entre o serviço prestado por Palocci e os contratos com órgãos públicos. "A empresa aluga ou comercializa imóveis para empresas e grandes fundos de investidores dentro das práticas do setor imobiliário", disse a empresa. "Seguindo sua estratégia de gestão transparente, a WTorre divulga trimestralmente suas demonstrações financeiras, apesar de ter capital fechado. A empresa mantém-se à disposição dos órgãos competentes para prestar qualquer esclarecimento que se faça necessário", afirmou.

A construtora negou-se a falar do conteúdo dos serviços da Projeto, nem o valor pago à consultoria de Palocci. No ano passado, a empresa doou R$ 2 milhões para a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) e R$ 300 mil para a do tucano José Serra.

Em 2006, quando disputou e ganhou uma vaga de deputado federal, Antonio Palocci recebeu R$ 119 mil em doações da empresa. Nesta sexta, a WTorre afirmou que "as doações efetuadas foram devidamente registradas e seguiram as normas legais estabelecidas, respeitando rigorosamente a legislação vigente". "Assim como outras empresas, colabora com a candidatura de pessoas com as quais tem afinidade de ideias", disse a construtora.

Petrobrás. Nos últimos anos, a Petrobrás manteve com a empreiteira WTorre negociações em pelo menos duas obras de grande porte no País. Uma delas é o Centro Empresarial Senado, em construção no Centro do Rio. A companhia de petróleo ocupará os dois edifícios que integrarão o empreendimento.

O outro vínculo entre a Petrobrás e a WTorre Engenharia é o dique seco construído no estaleiro Rio Grande, no litoral do Rio Grande do Sul. Questionada sobre os contratos existentes entre a empresa e a WTorre, a assessoria de imprensa da estatal respondeu que existe apenas o contrato de locação do Centro Empresarial do Senado, que passa a valer só em 2013, um ano após a ocupação do prédio, quando a companhia iniciará o pagamento de aluguel. Segundo a assessoria, a Petrobrás "buscou várias alternativas de edifícios no centro do Rio de Janeiro, com o objetivo de reunir os empregados que estão dispersos em outros prédios. O projeto do Centro Empresarial Senado foi considerado o mais adequado às necessidades operacionais da Petrobrás, o que resultará em grande economia de custos".

A obra do Centro Empresarial Senado ocupa um terreno limitado pelas Ruas Henrique Valadares, do Senado e Inválidos e a Travessa Dídimo, em uma região degradada do centro carioca, vizinha à hoje valorizada Lapa.

Já o fundo de pensão Previ, do Banco do Brasil, informou ter comprado duas torres do condomínio WTorre Nações Unidas, em São Paulo. O valor do negócio foi de R$ 245 milhões, pagos à vista, disse o fundo de pensão.

A Previ creditou a compra à política de investimentos que adota, privilegiando shopping centers e grandes empreendimentos comerciais no eixo Rio-São Paulo. O fundo de pensão negou ter contratado a empresa de Palocci para fazer a intermediação do negócio. Segundo o fundo de pensão, coube à empresa CB Richards Ellis o papel de intermediário na negociação com a empreiteira WTorre. Fundo de pensão da Caixa Econômica Federal (CEF), a Funcef não fez comentários a respeito de uma suposta vinculação com a consultoria do ministro-chefe da Casa Civil.

Fonte: Sérgio Torres e Kelly Lima - O Estado de S.Paulo





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