O dever da coerência - Artigo de Julio Semeghini


O PSDB lamenta a saída de bons quadros, mas celebra o início de uma fase virtuosa; o partido não está em crise e continua fiel às suas raízes

Num momento curioso do zoológico partidário brasileiro, em que nascem legendas que não são de direita, de esquerda nem de centro, cumpre exercitar a coerência, preservar a ética e ater-se a princípios.

É o que temos feito no PSDB, partido que há 23 anos pratica a democracia interna, respeita a disciplina e tem, entre seus objetivos programáticos, a distribuição equilibrada da riqueza nacional entre todas as regiões e classes sociais.

O PSDB tem orgulho de ter construído, com a formulação do Plano Real e da primeira rede efetiva de proteção social do país, o Brasil que dá certo. Governamos hoje Estados com metade do eleitorado brasileiro. Elegemos senadores e governadores comprometidos com causas sociais, com eficiência e sintonizados com os desejos dos brasileiros.

Nosso candidato a presidente, José Serra, teve 44 milhões de votos e nosso governador, Geraldo Alckmin, foi eleito no primeiro turno.

Na cidade de São Paulo, o PSDB agora segue na construção do projeto que leve o partido à Prefeitura e à eleição de uma grande bancada de vereadores. E o fazemos com a mesma transparência democrática que nos distingue do lusco-fusco das recentes práticas adesistas e fisiológicas.

Realizamos, pela primeira vez, uma eleição do diretório municipal reunindo todos os vereadores numa única chapa. E com um quorum de 70% (912 delegados).

Esse feito só foi possível graças a um grande acordo, que garantiu a representatividade a cinco vereadores na executiva, inclusive no cargo de secretário-geral.

O acordo foi efetivado mesmo com a súbita debandada de um grupo de vereadores do PSDB, que, insatisfeitos com a perda relativa de poder ou muito satisfeitos com algo mais, decidiu deixar o partido.

A disputa faz parte da democracia interna de toda legenda, assim como a saída de companheiros descontentes. Mas a verdadeira motivação desses vereadores não guarda relação com uma suposta perseguição sofrida. A estridência de seus atos obedece somente à necessidade de construírem um álibi jurídico que lhes permita trocar de camisa sem sofrer a punição legal por infidelidade partidária.

Após a eleição de 2008, o diretório municipal do PSDB tem sido pautado pela união partidária. Não houve punição a nenhum parlamentar que apoiou candidatura diferente da nossa nas eleições municipais. O PSDB não persegue quem quer que seja. Exemplo disso foi nosso apoio decisivo, em dezembro de 2010, à vitória do vereador José Police Neto para a eleição da Câmara Municipal.

Queremos o entendimento. Prova disso é que, após ter sido eleito presidente, dediquei-me exaustivamente à delegação que foi dada a mim: a construção do acordo com os vereadores.

Foi exatamente o que aconteceu. Na última reunião do dia 25, o acordo foi votado por unanimidade, com a participação de todos.

O PSDB lamenta a saída de bons quadros, mas celebra o início de uma fase virtuosa. O partido não está em crise. Entre outros motivos, pela simples razão de que continua fiel às suas raízes. Em breve, teremos importantes filiações. O PSDB será oxigenado por prévias.

E, acima de tudo, manterá sua coerência histórica e sua missão única de servir à população.

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