Gravação envolve senador do PT em suspeita de corrupção no MS


O vazamento de uma nova gravação da Operação Uragano, que derrubou no ano passado toda a cadeia de comando de Dourados (220 km de Campo Grande), envolveu o nome do senador Delcídio Amaral (PT-MS).

Os trechos do áudio foram divulgados pelo portal Terra e mostram uma conversa gravada em junho de 2010 entre o ex-secretário de Governo Eleandro Passaia (que fez a gravação, sob orientação da Polícia Federal) e o ex-secretário de Obras Jorge Hamilton Torraca.

No diálogo, eles tratam de percentuais de "retorno" supostamente cobrados pelo senador para intermediar a liberação de verbas federais para obras no município.

"O Delcídio pega menos, porque depende do tipo de obra", diz Torraca, na gravação. "Por exemplo, casa [...] dá 2% só, porque não compensa. O custo não dá. Já emenda de asfalto e drenagem, esse dá para dar até dez sem problema nenhum."

Na gravação, também é citado o nome do deputado federal Geraldo Resende (PMDB-MS). Em um trecho, Passaia menciona que um empreiteiro pagaria 10% de "retorno" ao deputado e 5% ao senador.

"Por que que ele [Delcídio] só quer cinco? Ele é bonzinho demais?", questionou.

A Operação Uragano foi deflagrada em setembro de 2010. O ex-secretário Torraca foi um dos 29 presos à ocasião --uma lista que incluía o prefeito, Ari Artuzi (sem partido), o vice, a primeira-dama e toda a Mesa Diretora da Câmara Municipal.

O processo tramita em segredo de Justiça. Em nota publicada em seu site, Delcídio negou que tenha envolvimento com o suposto esquema e se disse vítima de uma "investida de seus adversários políticos".

"A prova cabal de inexistência de qualquer envolvimento [...] é o próprio relatório feito pela Polícia Federal ao concluir as investigações, que nada traz em relação ao senador", disse a nota.

O senador disse, ainda, que abriu processo penal contra o ex-secretário Eleandro Passaia, "em face das insinuações ofensivas e destituídas de veracidade."

O deputado Geraldo Resende afirmou "repudiar com veemência" as afirmações contidas na gravação. Ele também disse não ter sido citado no relatório final da Polícia Federal. "Fui o inimigo número um da administração Artuzi", afirmou o deputado, que disse que está processando Passaia.

A Folha não conseguiu contato com os ex-secretários Eleandro Passaia e Jorge Torraca, nem com o advogado de Artuzi até a publicação da notícia.

Fonte: Rodrigo Vargas - Folha.com

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