Temer lança Gabriel Chalita como pré-candidato do PMDB à Prefeitura


Segundo deputado mais votado em São Paulo será recebido com festa pela nova legenda em maio e já deve estrelar programa de TV do partido em junho; ex-secretário e amigo de Alckmin deve engrossar coro de oposição ao prefeito Gilberto Kassab

Deputado deve ser recebido pelo partido com uma festa de filiação em São Paulo

O deputado Gabriel Chalita (PSB-SP) acertou com o vice-presidente da República, Michel Temer, que ingressará no PMDB em maio, com direito a uma festa de filiação em São Paulo. Líderes e dirigentes nacionais do partido já estão sendo convidados a participar do evento em que Chalita será apresentado como pré-candidato do partido à Prefeitura da capital paulista em 2012. A informação foi dada em primeira mão, na manhã de ontem, pela colunista Sonia Racy, na rádio Estadão ESPN.

A pressa do deputado em deixar o PSB tem razões pragmáticas: o PMDB quer que ele seja a estrela do programa do partido que irá ao ar em junho. "Ele já bateu o martelo comigo e com o (ministro da Agricultura) Wagner Rossi e está decidido a sair do PSB até correndo risco de ter o mandato questionado na Justiça", informa o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

A regra da fidelidade partidária estabelece que o mandato parlamentar pertence ao partido, e não ao deputado. Chalita garantiu aos peemedebistas que tem uma estratégia traçada para preservar a vaga de deputado (leia abaixo).

Nas conversas com os dirigentes do PMDB, Chalita ressaltou sua "incompatibilidade" com o atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que lidera a criação do PSD. Embora a tese da fusão entre o futuro partido de Kassab e o PSB tenha perdido força nas últimas semanas, o deputado fez questão de lembrar que a ideia foi bastante noticiada e, por isso, não pode correr o risco de ficar na atual legenda e ser surpreendido por uma eventual união dos partidos.

Confiante quanto ao futuro partidário de Chalita, Alves diz que o objetivo do PMDB é dar "toda a ênfase" à filiação do parlamentar, com um ato político à altura do deputado eleito com 560 mil votos, segunda maior votação de São Paulo, atrás apenas do palhaço Tiririca (PR).

Encerrada a velha disputa na cúpula do PMDB paulista entre a ala governista comandada por Temer e os rebeldes liderados por Orestes Quércia, morto em dezembro, a estratégia é reconstruir a regional paulista hoje minguada na capital, a partir de uma candidatura "robusta" à Prefeitura da maior cidade brasileira. "O Chalita é um parlamentar fortíssimo, uma liderança nova, e será uma das melhores conquistas do PMDB", aposta Alves.

Reações. O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, quer esperar uma posição oficial de Chalita para comentar o tema, mas já adiantou que o problema será resolvido em acordo com os líderes paulistas. "Eu não vou me pronunciar enquanto não tiver posição oficial de Chalita. Esta é uma questão que cabe ao diretório da cidade de São Paulo e ao diretório estadual, antes de um pronunciamento da direção nacional", afirmou Campos.

Na iminência de perder o parlamentar, um dirigente nacional do PSB diz que "Chalita saiu mal do PSDB e está saindo mal do PSB, depois de ter se juntado ao PT por pura birra com o ex-governador José Serra".

Este dirigente entende que Chalita conta com a simpatia do governador Geraldo Alckmin (PSDB), de quem foi secretário de Educação, e que esperaria ter apoio velado do tucano nos moldes do que Serra fez em relação a Kassab, em 2008. No caso de o ex-governador ser candidato em 2012, o apoio a Chalita seria o troco de Alckmin.



Entre os petistas, a notícia de que Chalita vai para o PMDB não causou surpresa. A avaliação é de que o deputado ajudará a fazer coro nas críticas a Kassab. Para o presidente do diretório municipal do PT, vereador Antonio Donato, o partido se beneficia de um número maior de candidaturas. "Quanto mais candidatos houver, melhor. Nós temos um eleitorado cativo", afirmou o petista. / COLABOROU IURI PITTA

Deputado quer filiar mil pessoas no novo partido

O deputado Gabriel Chalita (PSB), o parlamentar mais votado do Estado depois de Francisco Everardo Oliveira Filho, o Tiririca (PR), pretende fazer um grande ato de filiação em maio, quando entrará no PMDB para disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012, de acordo com aliados. A ideia é filiar pelo menos mil pessoas, principalmente na área de educação, como representantes de universidades, professores e outras lideranças.

Os comerciais em rádio e televisão a que o PMDB tem direito, em junho, serão usados como um "chamamento" do parlamentar para as pessoas que queiram ingressar no partido.

A deputada Luiza Erundina (SP), próxima a Chalita no PSB, também foi sondada a seguir o mesmo caminho do deputado e ingressar no PMDB. Assim como o parlamentar, a ex-prefeita de São Paulo tem reclamado da falta de espaço que a direção do PSB em São Paulo dá ela.

Erundina, no entanto, teme tomar mudar de partido sem que haja uma janela para troca de legenda aprovada pelo Congresso. A Justiça pode cassar o mandato de parlamentares que trocarem de sigla, alegando infidelidade partidária. Mesmo se ficar no PSB, a ex-prefeita deve declarar apoio à candidatura de Chalita.

* TRAJETÓRIA

Prestes a completar 42 anos, Gabriel Chalita revelou-se como escritor aos 12 anos, quando publicou seu primeiro livro. Na política, também foi precoce. Foi eleito vereador em Cachoeira Paulista (SP), sua cidade natal, aos 19 anos e chegou à presidência da Câmara Municipal.

Continuou na política, mas sempre ligado à área de educação. De 2003 a 2006, foi secretário da Educação do Estado de São Paulo, na gestão Geraldo Alckmin/Claudio Lembo. Em 2008, candidatou-se a vereador pelo PSDB na cidade de São Paulo e foi eleito como o candidato mais votado: recebeu mais de 102 mil votos.

Em 2009, Chalita deixou o PSDB e se filiou ao PSB, partido da base de apoio do então governo Lula. No ano passado, foi candidato a deputado federal e conseguiu a segunda maior votação no Estado, sendo eleito com 560 mil votos para o mandato de 2011-2014.

Paralelamente à política, Chalita tem 54 livros publicados, entre eles Educação: a solução está no afeto, Os Dez Mandamentos da Ética, Pedagogia do Amor e Cartas entre Amigos. É doutor em Filosofia do Direito e em Comunicação e Semiótica, mestre em Direito e em Ciências Sociais, graduado em Direito e em Filosofia.

Fonte: Christiane Samarco / BRASÍLIA






Comentários