Punição para os envolvidos no mensalão do governo Lula deve ser prioridade, afirmam tucanos


Parlamentares do PSDB esperam celeridade da Justiça Federal na investigação do escândalo do mensalão. Os tucanos cobraram punições para os novos nomes citados em relatório da Polícia Federal (PF) e divulgado nesta semana pela revista “Época”. O documento reafirma a existência do esquema de corrupção e aponta que o dinheiro utilizado para o pagamento de mensalidade a parlamentares da base de sustentação ao governo do ex-presidente Lula saiu dos cofres públicos.

Pela primeira vez, foi revelada a ligação de alguém próximo ao ex-presidente com o chamado “valerioduto”. Além dos quarenta réus do mensalão em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), dezenas de outras pessoas aparecem como beneficiárias do esquema no relatório da PF. Freud Godoy, amigo e ex-segurança de Lula, e o atual ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, são citados como beneficiários. O documento afirma que o “valerioduto” foi financiado por dinheiro público, tendo o fundo VisaNet, do Banco do Brasil, como origem dos recursos.

O líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira (SP), lembrou, pelo twitter, que a maioria dos crimes do mensalão está prestes a prescrever e só um julgamento em tempo hábil evitará que a impunidade prevaleça. “Lula e seu entorno menosprezaram o resultado da CPI que investigou o esquema, apostando que a história cairia no esquecimento. Não caiu. A sociedade espera respostas e punições neste que foi o mais grave caso de corrupção dos tempos recentes”, cobrou.

Em abril de 2006, a CPI dos Correios aprovou por 17 votos a 4 o relatório do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) que apontava a existência inequívoca do mensalão e indiciava mais de 100 pessoas, entre elas, vários integrantes da cúpula do governo à época. Na avaliação do líder tucano no Senado, Alvaro Dias (PR), o documento produzido pela Polícia Federal confirma as conclusões da CPI e traz o escândalo novamente à tona.

“É um fato que impõe responsabilidade. Não é possível mais admitir no Brasil a hipocrisia de que não houve mensalão. Isso é inadmissível. É preciso exigir providências e responsabilização civil e criminal de todos os envolvidos. Cabe a nós exercer o poder de pressão e convocar a sociedade a também pressionar e conferir celeridade aos procedimentos”, alertou Dias. Na contramão dos fatos e provas, a cúpula petista insiste em desqualificar a existência do esquema de corrupção. Mas todos os relatórios disponíveis desmentem os integrantes do partido.

A primeira vice-presidente do PSDB, senadora Marisa Serrano (MS) , também rechaçou a tentativa de petistas e aliados de apregoar que o esquema não existiu. “A Polícia Federal confirma o que todo mundo já sabia, mas o PT sempre negou e continua negando! É próprio do PT querer desqualificar dizendo que todo mundo faz a mesma coisa”, criticou a tucana em seu microblog.

Os deputados Wandenkolk Gonçalves (PA) e Antonio Imbassahy (BA) também cobraram celeridade no julgamento dos envolvidos e punição para todos que participaram do esquema. “Nós esperamos que o STF agilize essa questão e puna os culpados para que tenhamos a tranquilidade de que corrupto no Brasil, de colarinho branco ou não, seja punido pelo código de processo penal”, afirmou Wandenkolk. A seu ver, o ex-presidente Lula tanto tinha conhecimento do mensalão, como era “o comandante maior de todo o esquema”.

Para Imbassahy, a Justiça precisa punir os participantes do crime, independente de quem seja. “O importante é que os órgãos do Judiciário possam utilizar esse relatório da PF para penalizar as personalidades públicas e empresários que estiveram comprometidas com essa corrupção que aconteceu no governo do PT”, cobrou.

Ministros, parlamentares e até o amigo intimo do presidente participaram do mensalão

→ O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), e os deputados Vicentinho (PT-SP), Benedita da Silva (PT-RJ), Lincoln Portela (PR-MG), José Mentor (PT-SP) e João Magalhães (PMDB-MG) estão entre os nomes que aparecem no relatório da PF como beneficiários do esquema comandado pelo publicitário Marcos Valério.

→ A revista Época afirma, com base no relatório da PF, que Freud Godoy recebeu R$ 98,5 mil da SMP&B, de Marcos Valério, pelo pagamento dos serviços na campanha presidencial de 2002. Godoy é amigo de Lula desde os anos 80 e trabalhou como segurança particular do ex-presidente.

→ Lula mudou seu discurso sobre o mensalão ao longo do tempo. Em dezembro de 2006 afirmou que o episódio havia sido como uma facada em suas costas, independente de quem tinha participado. Já no final do governo afirmou que trabalharia, após deixar o Planalto, para “desmontar” a existência do esquema.

→ Após ser delatado pelo ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), o mensalão derrubou inúmeras autoridades do governo Lula, como o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o então ministro da Fazenda e hoje ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.

Fonte: Djan Moreno/ Fotos: Eduardo Lacerda - Blog PSDB

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