Jaraguá, um ponto alto - Artigo de Andrea Matarazzo


Estive há poucos dias em uma casa do fim do século 19, na deslumbrante chácara T-Chaga-U, ao lado do Parque do Jaraguá, e aproveitei para visitar o bairro e um dos principais pontos turísticos de São Paulo. Na divisa entre as zonas Norte e Oeste, o Pico do Jaraguá reúne riquezas ambiental, cultural e turística. Com 1.135 metros, é o ponto mais alto da cidade, de onde se tem uma vista de 360 graus de São Paulo, além de outras paisagens que podem ser vistas nos belvederes encontrados pelo caminho. 

O nome do bairro vem da palavra indígena Iaraguá, que significa senhor dos vales, como os índios chamavam o lugar. O Pico do Jaraguá chegou a ser usado pelos bandeirantes, como bússola, referência e até para prever o clima - caso o pico estivesse encoberto de neblina. Por volta de 1580, o português Afonso Sardinha descobriu a existência de ouro na região, construiu a sua casa no Jaraguá e iniciou uma guerra contra os nativos. Dez anos de batalhas depois, começou a extração de ouro na região que durou cem anos, até seu esgotamento total. A casa de Sardinha funciona hoje como pousada, onde os visitantes encontram o tanque que era usado para a lavagem de ouro.

A estação de trem, que colaborou no desenvolvimento local, foi inaugurada em 1891, com o nome Taipas. Mudou de nome em 1940, quando a Fazenda do Jaraguá tornou-se de domínio público. Em 1961 foi criado o Parque Estadual do Jaraguá, mesmo ano em que o governador Ademar de Barros autorizou a instalação das antenas de TV, que podem ser vistas de vários pontos da cidade de São Paulo, no Pico do Jaraguá. Desde 1994, o Parque do Jaraguá é considerado Patrimônio da Humanidade, pela Unesco. 

Quando visitei o parque, subi até a base das antenas. Um desafio, já que são mais de 240 degraus. Mas vale a pena pela espetacular vista que se tem da natureza de um lado e da nossa cidade à frente. 

Andrea Matarazzo é secretário estadual de Cultura de São Paulo. E-mail: amatarazzo@sp.gov.br

Fonte: Diário de S.Paulo

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