Guaianases, um lugar surpreendente - Artigo de Andrea Matarazzo


Guaianases, no extremo leste da cidade, é lar de pessoas de vários lugares, que adotaram o lugar como terra natal. Dos índios, ficou o nome, já que a tribo que habitava o local na época do descobrimento era a dos guaianás. Aos poucos, os índios perderam espaço e a região virou passagem das caravanas a caminho das minas de ouro, na época da monarquia. Outro momento marcante foi a construção da estrada de ferro e a chegada de imigrantes europeus. Além do cultivo agrícola, os imigrantes foram responsáveis por uma das principais atividades econômicas da região: as olarias. 

Nos anos de 1920, os tijolos de Guaianases abasteciam a expansão da cidade. Outra atividade importante foi a de extração de pedras. Ainda hoje, quando ando pelo bairro, impressiono-me com as gigantescas cavas das antigas pedreiras, muitas desativadas. Uma delas pertenceu ao ex-presidente do Corinthians Vicente Matheus. Já no movimento contrário de imigração, Guaianases também enviou seu representante à Segunda Guerra Mundial. O pracinha Otelo Augusto Ribeiro foi para a Itália, onde morreu, e hoje seu nome batiza uma das principais ruas do bairro. Nos anos de 1940, período da industrialização de São Paulo e da construção de avenidas do prefeito Prestes Maia, a região recebeu migrantes atraídos por trabalho, principalmente do Nordeste e Minas Gerais. 

Por causa da mobilização da comunidade e da valorização de Itaquera, a região tem recebido mais atenção do poder público. Uma das ações importantes é a extensão da Radial Leste até Guaianases. Um dos lugares de que mais gosto por lá é o Mercado, na Praça Presidente Getúlio Vargas, bem instalado e variado. Vale a pena conhecer. A mistura de povos, característica paulistana, é ainda mais visível no bairro. Em comum, eles são conscientes de que há muito a ser feito, mas sentem orgulho do lugar em que vivem. 

Andrea Matarazzo é secretário estadual de Cultura de São Paulo. 
E-mail: amatarazzo@sp.gov.br

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