Pronunciamento do Presidente Obama no Palácio do Planalto


Palácio do Planalto
Brasília, Brasil



PRESIDENTE OBAMA: Obrigado, senhora presidente, por suas gentis palavras, e obrigado à senhora e ao povo do Brasil pela recepção calorosa – essa conhecida hospitalidade brasileira que foi mostrada a mim, à Michelle e às nossas filhas. Multo obrigado.

Agora, na nossa reunião de hoje, mencionei que esta é a minha primeira visita à América do Sul, e o Brasil é a minha primeira parada. Isso não é coincidência. A amizade entre os povos dos Estados Unidos e do Brasil estende-se por quase dois séculos. Nossos empreendedores e empresários inovam juntos. Nossos cientistas e pesquisadores são pioneiros em novas vacinas. Nossos estudantes e professores exploram novos horizontes. E, todos os dias, estamos trabalhando para tornar nossas sociedades mais inclusivas e mais justas.

O extraordinário crescimento do Brasil, senhora presidente, atraiu a atenção do mundo. Devido aos sacrifícios de pessoas como a presidente Rousseff, o Brasil passou da ditadura para a democracia. Como uma das economias do mundo que crescem mais rapidamente, o Brasil tirou dezenas de milhões de pessoas da pobreza e lhes deu lugar na crescente classe média.

Atualmente, os Estados Unidos e o Brasil são as duas maiores democracias e as duas maiores economias do continente. O Brasil é um líder regional que promove maior cooperação em todas as Américas e, cada vez mais, o Brasil é um líder global, um líder mundial, passando de nação beneficiária de ajuda externa a nação doadora, apontando o caminho para um mundo sem armas nucleares e estando à frente dos esforços globais para enfrentar as mudanças climáticas.

Como presidente, busquei engajamento com base em interesses mútuos e respeito mútuo. E uma parte importante desse engajamento é conseguir uma cooperação mais estreita com os centros de influência do século 21, inclusive o Brasil. Simplificando, os Estados Unidos não simplesmente reconhecem o avanço do Brasil, nós o apoiamos com entusiasmo.

É por isso que fizemos do G-20 o principal fórum mundial de cooperação econômica global, para garantir que nações como o Brasil tenham mais voz. É por isso que trabalhamos para aumentar o voto e o papel do Brasil nas instituições financeiras internacionais e é por isso que vim ao Brasil hoje.

A presidente Rousseff e eu acreditamos que esta visita é uma oportunidade histórica para colocar os Estados Unidos e o Brasil no caminho rumo a uma cooperação maior durante as próximas décadas. E, hoje, estamos começando a aproveitar essa oportunidade.

Senhora presidente, quero agradecer-lhe por seu forte compromisso pessoal com o fortalecimento dos laços entre nossas duas nações. Estamos ampliando o comércio e o investimento que criam empregos nos nossos dois países. O Brasil é um dos nossos maiores parceiros comerciais, mas ainda há muito mais que podemos fazer.

Hoje, mais tarde, a presidente e eu vamos nos reunir com líderes empresariais dos nossos dois países para ouvir e descobrir medidas muito concretas que podemos adotar para ampliar nossas relações econômicas. Vamos anunciar uma série de novos acordos, inclusive um novo diálogo econômico e financeiro para promover o comércio, agilizar as regulamentações e ampliar a colaboração em ciência e tecnologia.

E quando o Brasil se prepara para sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos – o que ainda me dói dizer – (risos) – garantimos que as empresas americanas podem desempenhar um papel em muitos projetos de infraestrutura necessários para esses jogos.

Estamos criando um novo diálogo estratégico sobre energia para garantir que os mais altos níveis dos nossos governos estejam trabalhando juntos para aproveitar novas oportunidades. Em particular, com as novas descobertas de petróleo no Brasil, a presidente Rousseff disse que o Brasil quer ser um grande fornecedor de novas fontes estáveis de energia, e eu lhe disse que os Estados Unidos querem ser um grande consumidor, o que seria benéfico para os nossos dois países.

Ao mesmo tempo, estamos ampliando a nossa parceria em energia limpa que é vital para a nossa segurança energética a longo prazo. Como líder em energia renovável, como biocombustíveis, e como parte da Parceria sobre Energia e Clima das Américas, que propus, o Brasil está compartilhando seu conhecimento na região e em todo o mundo. E o diálogo sobre a nova economia verde que estamos criando hoje vai aprofundar ainda mais a nossa cooperação, em edifícios verdes e desenvolvimento sustentável.

No fronte da segurança, nossos militares estão trabalhando mais de perto para responder às crises humanitárias, como fizemos juntos no Haiti. Nossas comunidades de aplicação da lei estão fazendo parcerias contra narcotraficantes que ameaçam a todos nós. O Brasil está se juntando ao esforço internacional para impedir o contrabando nuclear nos portos.

Agradeci à presidente Rousseff pela liderança do Brasil no sentido de criar um novo centro regional para promover a excelência em segurança nuclear. E como membro do Conselho de Direitos Humanos, o Brasil se uniu a nós na condenação dos abusos contra os direitos humanos pela Líbia.

Quero mencionar brevemente a situação na Líbia, porque isso é algo que discuti com a presidente. Ontem, a comunidade internacional exigiu um cessar-fogo imediato na Líbia, inclusive o fim de todos os ataques contra civis. Hoje, a secretária Clinton se juntou a uma coalizão internacional de parceiros europeus e árabes em Paris para discutir como vamos fazer valer a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU.

O nosso consenso foi forte e a nossa determinação é clara: o povo da Líbia deve ser protegido. E na ausência de um fim imediato da violência contra civis, a nossa coalizão está preparada para agir, e agir com urgência. E estou informando a presidente Rousseff sobre as medidas que estamos adotando.

Finalmente, estou especialmente satisfeito pelo fato de Estados Unidos e Brasil estarem se unindo para fazer avançar o desenvolvimento e a governança democrática para além do nosso continente. O Brasil está ajudando a conduzir a iniciativa global que anunciei nas Nações Unidas no ano passado para promover governos abertos e novas tecnologias que deem poder a cidadãos no mundo todo. Hoje estamos lançando novos esforços para ajudar outros países a combater a corrupção e evitar o trabalho infantil e estamos expandindo nossos esforços para promover a segurança alimentar e o desenvolvimento agrícola na África.

Acredito que este é apenas o início daquilo que os nossos dois países podem fazer juntos no mundo. É por isso que os Estados Unidos vão continuar nossos esforços para garantir que as novas realidades do século 21 se reflitam nas instituições internacionais, como mencionou a senhora presidente, incluindo as Nações Unidas, onde o Brasil aspira a um assento no Conselho de Segurança.

Como disse à presidente Rousseff, os Estados Unidos vão continuar trabalhando com o Brasil e outras nações em reformas que tornem o Conselho de Segurança mais eficaz, mais eficiente, mais representativo e avancem nossa visão comum de um mundo mais seguro e pacífico.

Assim, novamente, com o progresso de hoje, acredito que assentamos os alicerces para uma maior cooperação entre os Estados Unidos e o Brasil para as próximas décadas. Quero agradecer à presidente Rousseff por sua liderança, por tornar esse progresso possível. Não conheço a senhora presidente há muito tempo, mas posso ver, ao falar com ela, a extraordinária paixão que ela tem no sentido de oferecer oportunidades para toda a população do Brasil, melhorando a vida de todos. E essa paixão eu compartilho com relação aos meus cidadãos nos Estados Unidos – meus concidadãos nos Estados Unidos da América.

Portanto, estou confiante de que dado este espírito comum, este companheirismo que existe não somente no nosso nível, mas entre os nossos povos, vamos continuar a fazer progressos por um longo tempo por vir.

Estou muito ansioso para visitar o Rio amanhã e com a oportunidade de falar diretamente ao povo brasileiro sobre o que nossos países podem fazer juntos como parceiros globais no século 21.

Muito obrigado. (Aplausos.)

Comentários