Força oriental - Artigo de Andrea Matarazzo


É impossível não se comover com as cenas da tragédia que aconteceu no Japão. Mas também impressiona a solidariedade e a capacidade de recuperação do povo. Voluntários se juntaram às equipes de resgate em busca de sobreviventes, homens se sacrificaram para evitar um desastre radioativo e, mesmo com dificuldade, a reconstrução do país já começou. Em São Paulo, a Liberdade é uma mostra da força e união do povo oriental, que consegue preservar suas tradições e sua cultura. O bairro chega a receber até 30 mil pessoas nos fins de semana quando acontece a Feira da Liberdade. Aos sábados e domingos, a Praça da Liberdade - que ganhou novo calçamento recentemente - recebe mais de 200 barracas de artigos orientais. À noite, a Liberdade também é uma ótima opção de lazer, com inúmeras opções de restaurantes orientais e karaokês. 

É possível também buscar um pouco da paz oriental nos templos budistas que existem no bairro. Além deles, há igrejas católicas interessantes, no Beco dos Aflitos, travessa da Rua dos Estudantes. A Capela de Santa Cruz dos Enforcados foi fundada em 1891, depois que foi considerado um milagre a corda da forca de um soldado ter arrebentado duas vezes - mas ele não escapou da punição. Os enforcamentos também foram o motivo da fundação da Capela dos Aflitos, construída no local que abrigava um cemitério de criminosos e escravos. 

Quem se interessa pela cultura japonesa, não pode deixar de conhecer o Museu Histórico da Imigração Japonesa, na Rua São Joaquim, com fotos, documentos e objetos que marcaram o intercâmbio entre Japão e Brasil. Atualmente em obras, mas aberto para visitas monitoradas, o Museu Manabu Mabe reúne obras de artistas plásticos nipo-brasileiros, ocupando o espaço da escola Campos Salles, destruída depois de um incêndio. Um dos poucos bairros turísticos e culturais da cidade, o bairro da Liberdade é um exemplo da força japonesa, expressa na gastronomia, na arte, nas tradições e na cultura, preservadas pelos imigrantes.

Andrea Matarazzo é secretário estadual de Cultura de São Paulo.

Comentários

  1. Tão logo o Secretário me contou que tb já tinha escrito sobre o bairro da Liberdade, vim correndo procurar o artigo aqui... e fiquei contente com o que escreveu. como no de Santo Amaro (posterior), sintético, mas pro ser abrangente, instigador para que as pessoas vão em busca de mais informações ou até uma visita direta ao bairro.

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