Entrevista de José Serra à Rádio Jovem Pan



José Serra critica falta de rigor do governo Dilma  

Ex-governador de São Paulo disse que deciaão do salário mínimo foi política, e não, econômica


Os senadores aprovaram, na noite desta quarta-feira, a proposta do governo de salário mínimo de R$ 545 para este ano. Após a aprovação em votação simbólica do texto-base, o Senado rejeitou emendas que elevariam o valor para R$ 600, como queria o PSDB, ou para R$ 560, conforme pedido do DEM. 



Durante a campanha eleitoral à Presidência da República, José Serra, do PSDB, apresentou como proposta aos eleitores brasileiros um salário mínimo de R$ 600. Em visita aos estúdios da Rádio Jovem Pan nesta sexta-feira, o ex-governador de São Paulo ressaltou que continua defendendo o valor e enfatizou que a decisão do salário mínimo foi política, e não econômica. “Eu, quando propus o salário mínimo de R$ 600 e o reajuste do INSS em 10%, examinei os números e vi que isto poderia ser feito. É outra política que poderia ser feita, com outros cortes, para que não faltasse dinheiro.(…) A decisão do governo foi política, e não econômica. Existe muita coisa que poderia ser cortada, para dar este valor a quem recebe o salário mínimo. Voto contra o mínimo maior acaba sendo um voto contra os pobres do Nordeste”.

Os governadores do Nordeste discutiram com a presidente Dilma Rousseff, durante o XII Fórum dos Governadores do Nordeste, realizado em Aracaju na segunda-feira, a recriação de um imposto para financiamento da saúde, uma espécie de nova CPMF. Sobre o assunto, o tucano revelou que, para buscar recursos para a saúde fora do tributo, “o governo federal deve gastar melhor dentro do dinheiro existente, cortando obras que não vão servir para nada diante do custo. Um exemplo disso é o Trem de Alta Velocidade. Isso é uma fantasia”.

O recente anúncio do corte de gastos por parte do governo federal foi recebido de modo ambíguo pelos economistas. Alguns o elogiaram, outros o colocaram em dúvida ao afirmarem não ser possível cortar R$ 50 bilhões em custeio ou que a redução de despesa não seria suficiente para o alcance da meta de superávit primário. Serra fez críticas à medida e alertou que “por enquanto é espuma. Eu quero ver isso acontecer de verdade. Disseram que vão cortar emendas de parlamentares, porém precisa ver quais emendas (...) esse falso rigor fiscal mostra a inexistência de rigor fiscal (…) Foi só um número para impressionar. Uma expressão de desejo para mostrar que aqui se tem austeridade fiscal”.

Questionado sobre a política internacional do governo Dilma Rousseff, o tucano mostrou-se de acordo com as atitudes da petista e salientou que, ao contrário de Lula, “ela fala menos, faz menos espalhafato”. Serra disse ainda que essa discrição da presidente pode ser algo ruim, pois “não justifica que o governo deixe de falar sobre coisas importantes, não pode aproveitar isso como pretexto. Salário mínimo, escândalo políticos ainda não foram explicados”.

Sobre o seu futuro político, o tucano negou que pretenda disputar a Prefeitura de São Paulo em 2012. “Posso continuar sendo muito útil na política. Não vou me candidatar a prefeito porque eu já fui e não gostaria de repetir a experiência”.

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, deve deixar o DEM ainda em março e fundar um novo partido. Serra afirmou que “torce para que Kassab tome uma decisão boa para ele e para a cidade. Ao mesmo tempo, não se afaste do trabalho e da aliança com o PSDB que tem dado certo para a cidade de São Paulo”.

O governo federal está estudando a adoção de idade mínima para concessão de aposentadoria integral a trabalhadores do setor privado. A proposta está em discussão nos ministérios da Fazenda e da Previdência e deve ser apresentada à presidente Dilma Rousseff em março. A proposta mais forte hoje é de 65 anos de idade para homens e 60 para mulheres, no caso dos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social. Questionado sobre o assunto, o ex-governador revelou que é uma discussão de longo prazo, já que a mudança valeria apenas para quem ainda não entrou no mercado de trabalho. Ouça a entrevista completa.

Fonte: Bruna Gavioli - Jovem Pan

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