Secretário defende definição de metas para tentar reduzir os gastos públicos no governo paulista
"Estamos estudando mecanismos de estabelecer orçamentos de acordo com
a economia que se fizer. Você pode compensar o secretário que
economizar", conta Fernandes.
Ao lado do secretário da Casa Civil, Sidney Beraldo, e de Orlando de
Assis Baptista, secretário particular de Alckmin, Fernandes compõe o
bloco paulista dos "três porquinhos" - a presidente Dilma Rousseff usou a
expressão para se referir a seus três assessores mais próximos.
Quais as principais diretrizes na área econômica do governo?
A primeira recomendação é aumento da eficiência, trabalhar em cima de
certos parâmetros para diminuir gastos. Um dos objetivos do
contingenciamento orçamentário foi forçar o aumento da eficiência. O
governador determinou um processo contínuo. Desde mínimas coisas, como
apagar a luz, até maiores. Por mais eficiente que tenham sido os
governos anteriores, sempre há espaço.
Quais serão as metas?
Vamos desenhar ainda. Metas não só nas despesas, como eficiência na
receita e também indicadores. Temos de planejar olhando parâmetros. Por
exemplo, quanto falta para cada paulista ter acesso a saneamento básico?
Mas, na minha opinião, ainda não convenci o governador, já é tempo de a
gente ter esse desafio: olhar a luz no fim do túnel e perseguir metas.
Vamos colocar foco numa nova agenda. A agenda da inclusão.
Quais serão as medidas para aumentar a eficiência?
Estamos estudando mecanismos de estabelecer orçamentos de acordo com a
economia que se fizer. Você pode compensar o secretário que economizar,
colocar metas. Porque, a não ser o governador, que fala "apaga a luz,
diminui gasolina, diminui assinatura de não sei o quê", você faz por
patriotismo ou determinação do chefe. Mas isso ainda estamos discutindo.
A economia com a luz virou um clássico de Alckmin...
O cafezinho é o exemplo clássico. Mas você não economiza nada no
cafezinho. Tem de ser uma preocupação geral. Isso é dinheiro público,
não é nosso.
Ao assumir o governo em 2006 no lugar de Alckmin, o ex-governador
Cláudio Lembo disse que recebeu um "fusquinha". Como o sr. define a
situação agora?
Contas equilibradas, temos capacidade de financiamento.
Receberam uma Ferrari então?
Não queria entrar nessa polêmica. Estamos baixando a relação
dívida/receita corrente líquida. O governador Alckmin baixou bastante.
Mas a situação hoje é equilibrada, temos uma capacidade de investimento
boa.
A equipe econômica do governo anterior falou que seriam deixados R$ 20 bilhões em caixa.
Havia dinheiro em caixa. Não sei ainda quanto porque as contas
demoram para ser processadas. Deve ter havido um pouco de superávit
orçamentário. Não houve irresponsabilidade fiscal.
Como será a discussão em torno da renegociação da dívida?
Não houve ainda porque os ministros estão montando equipe. É uma coisa que depende de articulação com outros Estados.
Nos anos anteriores, houve aumento com custeio, principalmente na saúde. Virou um problema?
Aumentamos bastante o custeio. Tem o lado dos gastos, mas tem o outro lado que melhora substancialmente a saúde do Estado.
A oposição critica o governo do PSDB por ter aumentado a contratação de terceirizados.
Eventualmente é melhor fazer algumas coisas por terceiros. É uma coisa que o governo federal vai acabar fazendo.
Secretários disseram que contratos da gestão Serra seriam revistos. Depois, Alckmin disse que não é bem isso. Recuou?
Não, não houve recuo. Há incertezas sobre o orçamento. Não é grande,
mas há incerteza. Nos primeiros dias, a arrecadação estava baixa. Agora
está equilibrando. Voltou ao padrão. Fazer contingenciamento é prudente.
Haverá venda da Cesp?
Não discuti com o governador.
O sr. falou em agenda social. O PSDB tem uma imagem de que governa para os ricos?
Tem a ver com a linguagem. Ter o foco não só no hardware, mas nos
valores. Falta um pouco isso. Todas as pessoas merecem uma explicação de
tudo o que você faz. Elas só são mais pobres. Mas você tem o dever de
conversar com elas. Inclusive no formato da linguagem, você ter a
paciência, a perseverança de ir lá explicar. Falta isso. Não somos
arraigados na sociedade como nossos adversários.
É natural que Alckmin seja candidato à Presidência em 2014?
Não sei. O que ele disse é que tudo passa por fazer um bom governo.
Antes de eu assumir, falei que faltava oposição consistente. Ele disse
que temos de fazer um bom governo. Podemos atuar politicamente e tal,
mas tudo passa por um bom governo. Ele pensa desse jeito.
A polarização entre paulistas e mineiros prejudicará os planos do PSDB de voltar ao poder?
Temos de tirar o foco disso e voltar para a rua. Está nos faltando
construir cidadania, conversar com as pessoas. A gente está meio no
corner. Por que a gente vai exacerbar uma briga interna, se o que falta é
a externa? Estamos perdendo sobretudo nas classes mais baixas. Por quê,
se somos um partido que pode melhorar a vida delas?
Defende a reeleição de Sérgio Guerra na presidência tucana?
Não tenho opinião. Agora no governo tenho de seguir orientação do governador. E não conversei com ele sobre isso.
QUEM É
Engenheiro aeronáutico formado no Instituto Tecnológico da
Aeronáutica (ITA), com 54 anos, é deputado federal pelo PSDB, no qual
milita deste 1989 e que ajudou a implantar no Vale do Paraíba. Foi
prefeito de São José dos Campos entre 1996 e 2004 e secretário da
Habitação de São Paulo de 2005 a 2006. Casado, pai de três filhos.
Fonte: Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo
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