Muitas unidades distritais não têm carros próprios e precisam emprestar os das subprefeituras; falta também equipamento
O órgão responsável por resgates, vistorias em áreas de
risco e por ações de prevenção às tragédias vive um estado de
sucateamento na cidade de São Paulo. A Defesa Civil Municipal sofre com
falta de viaturas, outras em estado precário e por não ter equipamentos
adequados em todas as unidades regionais, localizadas nas
subprefeituras.
O cenário é detalhado no relatório 120/2010 elaborado pela própria
entidade e encaminhado ao Tribunal de Contas do Município (TCM). O
documento obtido pelo Estado mostra uma radiografia da Defesa Civil, com
um inventário da frota, equipamentos, relatório das atividades e quadro
de funcionários. O TCM abriu um processo para investigar a situação da
entidade, que deve ir a voto em breve.
O documento mostra que 11 das 32 unidades da Defesa Civil nas
subprefeituras não têm viaturas ou os veículos estão em más condições.
Na maior parte dos casos, o texto traz a observação "não tem veículo,
mas utiliza emprestado os da subprefeitura". Estão nessa situação M"Boi
Mirim, Capela do Socorro, Vila Mariana e Jabaquara.
"Temos prioridade pela viatura nos dias de chuva, para fazer
vistorias e interdições. Nos outros há um rodízio com os outros serviços
da sub. O problema é que um Corsa não é ideal para andar na lama", diz o
integrante de uma das Coordenações Distritais de Defesa Civil (Coddec).
Algumas unidades também têm veículos descritos no relatório como
"velhos" ou "em situação precária". A unidade da Subprefeitura de
Jaçanã, por exemplo, onde um deslizamento matou duas pessoas na
terça-feira, tem três veículos, um deles é um Opala, que não é fabricado
desde os anos 1990.
A Defesa Civil também passou a usar "refugos" de outras entidades,
como a Guarda Civil Metropolitana e o Corpo de Bombeiros. A unidade de
Guaianases, por exemplo, na época da conclusão do relatório não tinha
nenhuma viatura. Agora há uma Iveco (veículo de resgate) e um Gol. Os
dois pertenciam ao Corpo de Bombeiros, mas a corporação deu baixa nos
veículos para adquirir outros mais novos.
A Prefeitura informou que está modernizando a Defesa Civil e que a
frota aumentou para 78 veículos após a conclusão do relatório. A
Secretaria de Segurança Urbana, no entanto, se recusou a informar a
procedência dos carros (se foram comprados novos ou doados, quais os
modelos e as unidades beneficiadas).
A gestão Gilberto Kassab também disse que as unidades têm
"prioridade" nos veículos das subprefeituras. Em 2009, a Prefeitura
destinou apenas R$ 24 mil para a Coordenadoria Municipal de Defesa
Civil, recursos que foram multiplicados por dez no ano passado - após os
prejuízos e mortes do verão passado.
Fonte: Renato Machado - O Estado de S.Paulo
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