Dirigentes reclamam que o PT tem avançado em postos importantes antes ocupados pelo PMDB
Além de se sentir preterido pelo governo na partilha de
cargos, a cúpula do PMDB critica muito a forma de negociação com o
partido. Dirigentes reclamam que o PT tem avançado em postos importantes
antes ocupados pelo PMDB e que o governo tem feito vista grossa para o
problema e até ajudado a piorar o relacionamento entre as duas legendas.
Os peemedebistas se queixam particularmente das conversas em torno do
controle da Embratur. Com a partilha do primeiro escalão, PT e PMDB
acabaram fazendo uma espécie de troca na ocupação dos Ministérios da
Saúde e do Turismo. A presidente Dilma Rousseff indicou o petista
Alexandre Padilha para a Saúde, que era chefiada pelo peemedebista José
Temporão. No Turismo o petista Luiz Barreto deu lugar a Pedro Novais
(PMDB-MA).
Como a Embratur está subordinada ao Ministério do Turismo, entraria
no bolo de cargos ao qual o PMDB teria direito no setor. Assim, já
estava praticamente decidido que o ex-ministro da Integração Nacional
Geddel Vieira Lima, derrotado por Jaques Wagner (PT) na corrida pelo
governo da Bahia, iria ocupar a direção da Embratur.
Antes dessa efetivação, porém, o ministro da Casa Civil, Antônio
Palocci (PT), procurou o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves
(RN), para falar sobre o futuro da Embratur. Palocci pediu que Henrique
intercedesse perante o comando do PMDB para que não fosse feita
alteração na direção da empresa.
O ministro disse que o governo ficaria muito satisfeito se a chefia
da Embratur continuasse com o petista Mauro Moysés. Henrique disse que
iria consultar o partido, mas achava aceitável a proposta. Moysés foi
mantido no cargo e, logo depois, o PMDB se surpreendeu com a perda de
vagas que mantinha na Saúde com a posse de Padilha. Ao contrário do que
foi feito no Turismo, o PMDB não foi consultado sobre a chance de manter
em seu poder cargos estratégicos, como a presidência da Funasa e a
Secretaria de Atenção à Saúde.
O partido foi informado de que seus aliados seriam simplesmente
retirados dos postos e os novos titulares seriam indicados por Padilha.
Além de não ter havido a reciprocidade, os ocupantes dessas diretorias
tinham sido indicados pelo próprio Henrique Eduardo Alves.
Para piorar a situação, os peemedebistas ficaram decepcionados com a
decisão tomada por Padilha, pois acreditavam ter um ótimo relacionamento
com o ministro. Acreditavam até ter contribuído politicamente para
garantir sua ida para a Saúde. A partir daí, tornaram públicas as
queixas.
O problema é que outros partidos também reclamam da cota de cargos. O
PDT pleiteou o controle da Usina de Itaipu para o senador Osmar Dias
(PR), que ficará sem mandato, depois de concorrer ao governo do Paraná
para garantir palanque forte para Dilma no Estado.
O governo não aceitou o pedido, dizendo que manteria o petista Jorge
Samek. O PDT propôs, então, alguma diretoria do Banco do Brasil. De
novo, ouviu a recusa e um aceno para receber o comando da Companhia
Nacional de Abastecimento. A proposta, porém, não agradou aos
pedetistas.
Fonte: Marcelo de Moraes - O Estado de S.Paulo
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