A oposição a Dilma Rousseff (PT) pretende lançar mais um ingrediente
no debate sobre o novo salário mínimo, que tem dividido até a base
governista.
Alçado nesta terça-feira ao posto de líder do PSDB na Câmara, o deputado
federal Duarte Nogueira, de Ribeirão Preto, disse que os tucanos vão
defender o mínimo de R$ 600, resgatando o valor propagandeado por José Serra durante a campanha presidencial do ano passado.
"Para começar, nem a base do governo sabe o que quer. O Executivo propõe
R$ 540, o PMDB diz que o valor tem de ser maior e o PDT falou até em R$
580. Nós vamos manter coerência com o que dissemos na campanha", disse o
tucano nesta quarta-feira à Folha.
O mínimo de R$ 600 servirá para os tucanos sustentarem a crítica de que o
PT inchou a máquina pública e a transformou em "cabide de emprego" para
garantir governabilidade à base de "fisiologismo político".
"Esse valor é factível desde que o governo enxugue a estrutura governamental, que hoje tem 37 ministérios", afirmou Nogueira.
As declarações do tucano foram dadas à reportagem em tom mais crítico
que o habitual. Na região de Ribeirão, Nogueira é conhecido como um
político avesso a polêmicas.
Ele também comentou o fato de a oposição ter ficado paralisada durante
os anos do governo Lula (PT), devido à popularidade do ex-presidente,
mas preferiu dizer apenas que vai pregar uma conduta "dura", mas "não
irresponsável".
O novo líder tucano na Câmara está em seu segundo mandato como deputado.
Ele chegou a ser cogitado para assumir uma secretaria no recém-iniciado
governo de Geraldo Alckmin (PSDB), o que não se concretizou.
Em 1992, ele disputou a Prefeitura de Ribeirão Preto, mas foi derrotado
pelo petista Antonio Palocci, hoje ministro da Casa Civil e braço
direito de Dilma no governo.
PRAXE
Tradicionalmente, o partido de oposição com maior bancada lidera todo o
bloco, que além dos 53 deputados tucanos, conta mais 43 do DEM e 12 do
PPS --a base governista tem 405 parlamentares.
Para Nogueira, os três partidos adversários de Dilma irão compor um
grupo harmônico. "Podemos dizer que a oposição terá várias cabeças. O
PSDB vai liderar, mas respeitando a identidade de cada partido."
Como também é é rotina no Legislativo, o maior partido da oposição
indicará também o líder da minoria. O nome de consenso no PSDB é o de
Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG). A liderança da minoria tem a função de fazer
um contraponto ao líder do governo na Casa.
Fonte: ARARIPE CASTILHO - Folha.com
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