'Se formos inteligentes, vamos construir uma candidatura junto até com o Kassab para manter nossa aliança'
Secretário com bom trânsito entre Alckmin e Serra, Sidney Beraldo tenta ver saída na indicação de nome para a Prefeitura de São Paulo em 2012
Em entrevista ao Estado, Beraldo afirma que Alckmin
pretende indicar um nome do PSDB para concorrer ao cargo. "Se formos
inteligentes", diz ele, em referência ao grupo tucano ligado ao
governador, "vamos construir uma candidatura junto até com o prefeito
(Gilberto) Kassab para manter nossa aliança". O prefeito, vale lembrar, é
apadrinhado político de Serra.
Em tom conciliador, o novo chefe da Casa Civil defende também uma
reestruturação do partido com a participação do ex-governador Serra. "O
partido precisa ser reestruturado e nesse processo o Serra pode dar uma
boa contribuição, assim como Geraldo, o Aécio, o Fernando Henrique
Cardoso", afirmou.
Perguntado se Dilma está à direita ou esquerda de Lula, Beraldo disse
que a avaliação é "ultrapassada". "Até porque não sei se o Lula é de
direita ou de esquerda", anotou. Ele afirma, porém, que os programas
sociais do governo estadual serão turbinados para erradicar a pobreza em
São Paulo e que o PSDB deve fazer chegar à população a idéia de que o
Estado é "profissional" e não aparelhado.
O sr. coordenou a campanha do governador Alckmin. Como avalia o resultado?
Resultado bastante positivo. O Geraldo foi vitorioso no primeiro
turno. Uma campanha onde tínhamos oito candidatos e uma vitória no
primeiro turno é, sem dúvida, bastante significativa. E demonstrou a
confiança da população de São Paulo no Geraldo, que saiu do governo com
quase 70% de aprovação.
Alckmin teve votação superior à do Serra no Estado no 1º turno. A que atribui isso?
São coisas diferentes. Na eleição passada em 2006 o Serra também
ganhou no primeiro turno. A popularidade do Lula, a aprovação do governo
sem dúvida pesou na eleição federal. É uma eleição que nós todos
sabíamos que era mais difícil.
Que estratégia o governador adotou para conter a popularidade do Lula no Estado durante a campanha?
Eu participei de várias campanhas em que nós tínhamos o Geraldo e o
Serra como candidatos. Em 2002 o Serra a presidente, Geraldo a
governador. Em 2006 o Geraldo a presidente e o Serra a governador. E em
2010 o Serra novamente candidato a presidente e o Geraldo a governador.
Tivemos uma campanha bastante integrada a presidente e governador, muito
juntos. Eu coordenei a campanha do Geraldo e praticamente a campanha do
Serra foi feita pela campanha do Geraldo. Estávamos no mesmo prédio,
com estrutura integrada. A avaliação é que o eleitor olhava para a
administração federal positiva e tinha uma tendência a continuar. Olhava
para São Paulo como uma boa administração e a tendência era continuar. É
uma avaliação do eleitor de continuidade no plano federal e no
estadual.
A derrota de um e a vitória de outro não foi problema de comunicação entre as campanhas?
Aqui em São Paulo não.
A campanha do governador custou R$ 34 milhões. O sr. defende financiamento público?
Defendo. Mas ele precisa ser muito bem regulado para que na prática
não se tenha os dois financiamentos. Se for público, tem de ser público.
É preciso ter um modelo de controle e fiscalização bastante efetivo.
Uma das origens de corrupção é sempre o financiamento de campanha.
Como viu as representações da procuradoria contra o governador?
Já existe um entendimento do STF que naquele caso a empresa pode ser
doadora. Acho que foi uma interpretação equivocada e nós vamos nos
defender e esclarecer.
Como avalia o princípio do governo Dilma?
Ela está demonstrando ações no sentido de ter uma boa gestão. De ter
uma relação muito positiva e republicana com os Estados. Em São Paulo o
Geraldo, vitorioso, falou com ela e teve uma receptividade muito boa.
Nestes primeiros dias recebemos a visita do vice-presidente, que fez um
convite para que o governador visitasse a presidente Dilma. Agora com
esse episódio das enchentes ela ligou para o Geraldo. Tiveram uma boa
conversa. Recebemos ontem também o ministro Fernando Coelho de
Integração Nacional. Contratamos recursos para o combate às enchentes,
recursos do PAC 1 e do PAC 2. Na próxima semana vamos receber o ministro
da Justiça e vamos falar da integração e da inteligência das polícias
por um pacto entre o governo estadual e federal para uma atuação mais
eficiente na área da segurança.
A interlocução nesse início tem sido por recursos e programas.
O Geraldo tem se posicionado de que realmente nós possamos ter uma
participação maior dos recursos do governo federal para São Paulo.
Afinal de contas São Paulo tem 34% do PIB, 42 milhões de habitantes, 40%
de tudo o que o governo federa arrecada vem de São Paulo e temos
investimento por volta de 10, 12%. Apesar de sermos um estado forte
economicamente, temos carências. Nós vamos buscar junto à presidente e
os secretários atuarão junto aos ministros para trazermos mais recursos
do tesouro para investimento. São Paulo tem uma rede de estradas quase
toda SP, diferente dos outros Estados que tem mais BRs. No caso de
transportes de massa - Metrô e CPTM - é importante que o governo federal
contribua com uma parcela mais significativa. Além da área de
infraestrutura, tem também a área de saúde. O que verificamos nos
últimos anos é que do financiamento total da saúde o governo federal tem
diminuído sua participação. Era mais da metade e este porcentual vem
caindo, hoje está por volta de 45%. No caso de São Paulo menos ainda.
Era 35% e hoje está por volta de 30%.
Tem visto abertura do governo Dilma?
Nosso secretário (da Saúde, Giovanni Guido Cerri) está preparando um
trabalho nesse sentido, por orientação do Geraldo, para ter um encontro
com o Ministro da Saúde.
Com relação a infraestrutura também?
Estamos com apenas 15 dias de governo, mas estamos preparando pleitos nesse sentido.
O sr. considera Dilma mais à esquerda ou à direta de Lula?
Acho essa avaliação ultrapassada. Mas não tenho ainda essa avaliação, até porque não sei se o Lula é de direita ou esquerda.
Como vê a oposição do PT no Estado?
Quem ganha, governa, quem perde, fiscaliza. O que esperamos é que
seja responsável, propositiva, porque sendo assim contribui para o
governo. Nós respeitamos, sou parlamentar, convivi 16 anos na Assembleia
e no meu entendimento ela cumpre papel importante no processo
democrático. Esperamos que isso também ocorra na Assembleia.
O sr. conhece bem os trabalhos na Casa. Acha que houve excessos?
Não. Eu presidi a Casa, convivi com o 1º secretário que era do PT, o
Emídio (de Souza), prefeito de Osasco, e tivemos uma relação, do ponto
de vista de gestão da Assembleia, bastante positiva. Em plenário, o PT
sempre foi bastante duro na oposição, mas eu vejo isso com normalidade.
Como deve ser a oposição do PSDB ao governo federal?
Os governadores têm de governar. Trabalhar de forma integrada em
benefício da população. Nesse ponto a orientação do Geraldo é que
sejamos parceiros do governo federal. Agora cabe ao partido, a nossa
bancada, o Congresso, o Senado, fazer oposição, porque isso também é
importante para o próprio governo. Mas uma oposição responsável. E isso
será feito. O partido, através dos seus parlamentares e dos seus
representantes, vão fazer oposição. Porque é necessário, salutar e
democrático?
Os governadores não deveriam ter maior protagonismo?
Em determinados pontos pode até haver, mas não de forma sistêmica.
O sr. acha o PSDB deve ser refundado?
Não. Acho que tem de passar por um processo de reestruturação. Não é
possível que em alguns Estados não tenhamos nenhum representante na
Câmara federal. Como o Rio Grande do Sul, onde tínhamos o governador e
elegemos um representante. Essa reestruturação é do ponto de vista de
lideranças, de ter um partido forte nacionalmente - que é hoje - mas tem
Estados que precisam melhorar sua performance. E também do ponto de
vista programático, é um novo momento. Você tem que ir fazer a leitura
do momento que se viveu a cada eleição e também ir adequando o
posicionamento do partido, até agora no exercício da oposição.
Qual é a leitura que o sr. faz desse momento? O que precisa ser mudado?
O partido precisa ter uma posição mais firme em defesa de suas teses.
Deixar isso muito claro. E também o que nos diferencia do governo.
Quais são os pontos? Ter uma comunicação bastante direta com a população
para que tenha essa compreensão. E os governos devem ser sociais, mais
presentes.
Quais teses que precisam de melhor comunicação?
Do ponto de vista de gestão. O PSDB defende a profissionalização do
Estado, de ter um Estado necessário, eficiente e capaz de prestar bons
serviços. Para isso é preciso ter uma boa estrutura de competência. Esse
aparelhamento do PT, de ter criado muitos cargos de confiança, com
participação partidária muito forte. Mesmo dentro da gestão das
estatais, com uma dose de fisiologismo exagerada, vide o caso dos
Correios. Isso contribui para que as empresas percam eficiência e
desperdicem gastos. Esse é um ponto que nos diferencia, mas nem sempre
isso passa muito para a população. Precisamos deixar mais claro com
comunicação.
O governador se encontra hoje (ontem) com Antonio Anastasia. São Paulo e Minas são as duas vitrines essenciais do PSDB?
Estamos aqui há algum tempo no governo do Estado. Minas sai de duas
gestões muito positivas do governador Aécio e agora a reeleição do
Anastasia. São governos muito bem avaliados. Mais do que a nossa palavra
é a avaliação que a população faz. Temos cases positivos. Essa
permanente troca do que podemos contribuir, do que Minas pode
contribuir. Temos também no Paraná o Beto Richa, uma liderança nova,
promissora, que fez uma gestão muito boa em Curitiba. Temos o Marconi
Perillo, que está voltando agora. O Teotônio Vilela em Alagoas, que é um
Estado difícil, com poucos recursos. O resultado eleitoral que o PSDB
obteve na eleição dos governadores demonstra que o modelo nos Estados
tem funcionado e tem tido aprovação.
A parceria com o governo mineiro é uma aproximação com o grupo do Aécio?
Sempre tivemos uma boa relação. Isso é bobagem. Com o Serra, durante
seu governo, também tivemos aproximação. Eu como secretário de Gestão
tive vários encontros com a Renata Vilhena (secretária de Planejamento),
onde trocamos experiências. Trabalhamos em um programa de controle de
custos com o professor Falconi, que trabalhou em Minas. E agora vamos
voltar a trabalhar em outras áreas. É uma relação do ponto de vista do
interesse público. Essa aproximação sempre houve.
Não vê aproximação política?
Somos do mesmo partido. Quanto mais estivermos unidos, juntos, melhor.
O sr. vê o governador Alckmin mais candidato à reeleição no Palácio ou ao Planalto?
É muito cedo para falar disso. O Geraldo é candidato a fazer um bom
governo em São Paulo. Está muito motivado. A impressão que se tem é que
ele saiu para tomar um café e voltou mais animado. Conhece o Estado, tem
uma praticidade de resolver rapidamente as coisas. Foco hoje é fazer um
bom governo. O futuro a Deus pertence.
É a vez de Aécio disputar a presidência?
Acho que um partido que tem o privilégio de ter Aécio, Geraldo,
Serra, Beto Richa, Marconi Perillo dá um leque de opções. Isso nos
coloca em uma posição muito positiva. O nome, em um momento oportuno,
será discutido. O importante é que sejamos unidos. É isso que os tucanos
esperam e é isso que a população espera. Que a gente tenha a
inteligência de manter o partido unido e apoiar o candidato que reunir
as melhores condições.
Como viu o 'até logo' de Serra em seu discurso de derrota?
Um homem público como Serra, que foi secretário de Estado, deputado
federal, senador, prefeito de São Paulo, governador, candidato a
presidente, tem boa saúde, tem de dizer até logo.
Alguns tucanos do grupo do governador não concordaram.
O partido precisa ser reestruturado e nesse processo o Serra pode dar
uma boa contribuição, assim como Geraldo, o Aécio, o Fernando Henrique.
Todas essas lideranças podem contribuir muito. Não vejo dessa forma.
Depois das eleições de 2008, a relação entre Alckmin e Serra se deteriorou. Como está hoje?
Não é verdade. Eu conheço e convivo com os dois há quase 30 anos.
Aquele episódio de 2008 está ultrapassado. Em 2010 fizemos uma campanha
juntos, bastante integrados. O Geraldo, no segundo turno, deu uma
demonstração extraordinária de que é realmente o líder político que deve
ser. Entrou com toda força na campanha do segundo turno. Já tínhamos,
durante a transição, pensado em uma estrutura, mas ele determinou que
nós fizéssemos isso só depois do segundo turno e entrou de cabeça.
Depois das eleições de 2008, o Serra convidou o Geraldo para ser seu
secretário. Nessa história toda tem 80% de fofoca e 20% daquilo que é
normal acontecer em qualquer transição. É natural.
O que é fofoca e o que é normal?
Muita fofoca.
Por exemplo?
"Alckmin troca equipe de Serra na coordenação da Copa". O coordenador
da Copa era o secretário do Planejamento, o Luna. Entrou o Emanuel,
como secretário do Planejamento. Fizemos o mesmo decreto, mas trocamos o
nome. Mas a matéria era como se tivéssemos mudado toda a equipe. Tem
uma forçação de barra nessas interpretações.
Não existem serristas e alckmistas?
Sempre tem quem torce, existem afinidades, mas não no nível que é colocado.
E a relação do governador com o prefeito? Em 2008 foram
adversários e agora se vêem frente a frente por conta das enchentes. Não
são adversários políticos?
Eu coordenei a campanha do Geraldo em 2010 e o Kassab foi parceiro.
Deu uma contribuição importante. Fomos vitoriosos aqui na capital, tanto
o Geraldo como o Serra. E a colaboração agora entre o governo do Estado
e Prefeitura é total. Já temos agendadas até o final do mês uma reunião
com secretários que estão envolvidos nos principais projetos. O
objetivo é que nenhuma parceria entre Estado e Prefeitura seja
descontinuada. Isso é muito positivo. Esse lado do prefeito trabalhar
junto com o governador.
Não há descompasso?
Do ponto de vista administrativo estamos muito integrados.
O sr. foi secretário do Serra. Quais as diferenças entre a gestão anterior e a atual?
Do ponto de vista da essência e princípios, os valores são os mesmos.
Ética, seriedade. Do ponto de vista da busca da eficiência, da gestão e
do compromisso público. Esses valores não mudam nada. Mas cada um tem
seu estilo.
Qual é a diferença entre os estilos?
Um trabalha até tarde e dorme tarde. O outro acorda mais cedo e acorda mais cedo.
Só?
Só.
O Serra ainda entra em contato com secretários para dar sugestões. Isso não causa nenhum incômodo?
É natural, somos do mesmo partido. O governo é de continuidade, de
inovação, de avanços, mas de continuidade. A transição e esse diálogo é
muito positivo. Tem de contribuir com secretários e dar sua opinião. Não
vejo nada demais nisso. O Geraldo tem conversado com o Serra
permanentemente. Tiveram encontros na transição. Eles têm falado.
Alguma indisposição com o grupo que saiu do Palácio durante a transição?
Nenhum. Mas não podemos negar o Mauro Ricardo, que fez um comentário
que ficou incomodado com o fato de ter saído. Mas o governador ligou
para ele, falou com ele. Da mesma forma o Paulo Renato. Eu,
pessoalmente, falei com ele. O Geraldo falou com ele. Essas mudanças
foram naturais. O importante é que no caso da Educação e da Fazenda o
programa, na sua essência, não muda. No caso da Educação as diretrizes
básicas do programa Ler e Escrever, da meritocracia, da qualificação dos
professores. Várias ações que foram desenvolvidas continuam, mas tem
adaptação. Se o Paulo Renato continuasse, ele ia fazer uma leitura do
que aconteceu em período eleitoral, fazer uma reflexão, e algumas ações
poderiam ser adaptadas.
Como foi a influência do deputado Gabriel Chalita (PSB-SP) na
escolha do secretário de Educação, Herman Voorwald, e do Paulo Barbosa
para Desenvolvimento Social?
Quem escolheu os secretários foi o Geraldo. O Herman: o Geraldo
conhece há mais de 20 anos. O Herman é reitor da Unesp, tem longa
história de vida dedicada à educação, um homem preparado. O Serra fez a
indicação do Herman para reitor da Unesp. Eu participei desse processo
todo. Quem escolheu foi o Geraldo.
O Chalita não intercedeu em nenhum momento, não comentou os nomes?
Para a gente não. Eu sei que ele conhece o Herman. Como ex-secretário
da Educação também dar sua opinião sobre o secretário que foi
escolhido? Vejo isso com naturalidade. Foi secretário de Estado, é
especialista na área de educação. Ele dá a opinião - achar que o Herman é
uma boa escolha - é natural.
O sr. foi o Cardeal Richelieu da partilha do governo, como
diz o governador. Nessa partilha o PMDB ficou de fora. Houve alguma
indisposição?
Ainda ontem tive uma conversa com o Jorge Caruso e, a pedido do
Geraldo, transmitimos a disposição de o PMDB fazer parte do governo.
Eles estão em processo de mudança da direção partidária com o
falecimento do ex-governador Quércia. Isso deverá ocorrer nos próximos
meses. Nós colocamos a nossa disposição de termos a participação do
PMDB. E o namoro continua.
Qual a diferença entra a partilha federal de ministérios com partidos e no Estado com secretarias e partidos?
Vou dizer sobre o que fizemos aqui. Procuramos ter um secretariado
com competência técnica, mesmo com escolha de políticos, mas que tenham
conhecimento da área em que vão atuar. E que tenham compromisso com a
ética, com a seriedade, com a vocação pública. O governo federal tem os
critérios deles e nós temos os nossos.
Vê mudança nesse cenário com a entrada do Kassab do PMDB?
Depende do prefeito, do PMDB, de seus interesses. A nossa posição é
para continuarmos a aliança com o PMDB. Temos o apoio do PMDB na
Assembleia, para que a gente possa governar juntos. Essa movimentação
depende da decisão pessoal do prefeito.
Matéria publicada no Estadão mostra que ele já decidiu pelo PMDB. Isso não muda o cenário?
Vamos aguardar os acontecimentos.
O sr. acredita que o governador deve indicar um nome do PSDB para concorrer à Prefeitura no ano que vem?
Nós temos de buscar um nome que seja competitivo e trabalharmos para
ter uma boa aliança. Se nós formos inteligentes vamos construir uma
candidatura junto até com o prefeito Kassab. Para manter nossa aliança.
Vamos trabalhar para que em 2012 possamos estar juntos, e juntos termos
um candidato competitivo.
A ida do Kassab para o PMDB não muda esse plano de indicação?
É uma especulação ainda, precisa ver se isso vai se concretizar e aí avaliar dentro da nova realidade.
Se ele fizer uma indicação isso não pode criar atrito na aliança PSDB-DEM?
Temos de buscar um candidato comum, que tenha competitividade e que
seu nome seja capaz de manter essa aliança. Nós tivemos na eleição de
governador, que foi positiva.
Vê combinação possível entre nome do governador e do Kassab?
Vamos trabalhar por isso.
Há retaliação do grupo que estava no governo e nos conselhos de empresas?
Nenhuma. Transição bastante tranqüila. Todos os ex-secretários
contribuindo com informações. Nenhuma. Mesmo com Paulo Renato e Mauro
Ricardo. O Calabi tem uma relação com o Mauro Ricardo de anos, são
amigos pessoais. No caso da Educação, a estrutura básica continua
contribuindo. O Padula, que ficou secretário (adjunto), é chefe de
gabinete e tem toda a memória de estrutura de programas. Mesmo algumas
críticas na parte de Transportes Metropolitanos - a base da equipe
continua. O Avelleda, que era da CPTM, vai presidir o Metrô. São
mudanças com continuidade e colaboração.
O Mário Bandeira estava na presidência da Prodesp e foi para a
presidência CPTM. Ele foi presidente da CPTM na gestão Alckmin. É uma
espécie de resgate?
O Mário é da área de transportes. Foi do DER, da Artesp e foi presidente da CPTM.
Estava na Prodesp.
Trabalhou comigo, foi presidente da Prodesp, e agora volta à CPTM porque é um profissional qualificado.
Já há estimativa de quanto será poupado com a revisão de contratos da gestão Serra?
Estamos fazendo um trabalho geral na redução de custos com objetivo
de melhorar a capacidade de investimentos. Um bom governo precisa fazer
isso permanentemente. Olhar preços é como fazer a barba. É todo dia.
Entrou no governo, até para passar para a estrutura de Estado: 'Olha,
vamos ter critério no gasto do dinheiro público. Vamos economizar o
máximo possível para ter mais investimento'. O governador determinou
isso na reunião e até o dia 31 cada secretário olhará dentro de seu
custeio o que poderá economizar.
O investimento teve uma queda de 6,5%. Não vai ter venda de ativos? A Cesp não vai ser vendida?
Temos em 2011 uma boa capacidade de investimento, por volta de R$ 20
bilhões. Vamos conseguir manter o volume de investimento dos últimos
anos. Mas sempre dá para fazer mais. Esse aperto do custeio tem esse
objetivo. Fazer mais com menos.
E a Cesp?
Nada definido. Existem várias possibilidades, mas não tem nenhuma decisão nesse sentido.
A venda não traria mais investimentos?
Vamos avaliar no momento certo se é oportuno.
Em 15 dias de governo, a gestão do governador teve problemas
com a procuradoria eleitoral, com o caso do cunhado dele e com as
enchentes. Já há desgaste?
As notícias são mais positivas, de ações de governo e investimentos.
Essa questão do cunhado envolve o nome do Geraldo e da primeira-dama de
forma equivocada. É um problema municipal que não tem nada a ver com o
Estado. O governador já disse com toda clareza que tem de apurar. Não
vejo nenhum desgaste nesse sentido. Na questão das enchentes as ações
são imediatas. O governo anterior investiu muito, quase R$ 600 milhões,
agora é uma fatalidade. Tem chovido muito e tem problemas que precisam
ser enfrentados. E nesta primeira semana, dado ao problema, a ação do
governador foi imediata e rápida, anunciando vários investimentos que
vão sem dúvida contribuir para reduzir a possibilidade desses problemas,
integrados à Prefeitura. Temos mais notícias positivas do que
negativas.
O sr. diz que o problema do cunhado de Alckmin é municipal,
mas o PT estadual levantou contratos que teriam sido intermediados pelo
cunhado do governador com a gestão anterior dele.
De forma nenhuma. Intermediados? O PT levantou que em 2001 e 2003
teve contratos com essa empresa. Mas daí a dizer que teve intermediação é
uma ilação. Irresponsável, até, pelo PT nesse sentido. Não tem nenhuma
ligação e nenhuma prova de que teria havido uma intermediação nesse
sentido.
O caso do cunhado causou algum incômodo no governo?
Não. Normal. Trabalhando.
O governador disse que pretende impor uma marca social ao PSDB. Como fazer isso no governo de São Paulo?
O esforço é para que a gente tenha um governo de resultados,
trabalhando com metas definidas, utilizando a elaboração do Plano
Plurianual (2012-2015). Para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
O PSDB se distanciou das camadas populares?
Sempre teve presente, tanto é que ganhamos as eleições.
No âmbito federal, não.
Isso é mais no Norte e no Nordeste. Também muito em função do momento
econômico, de crescimento, combate à inflação, possibilita um aumento
da renda das pessoas das classes mais desfavorecidas. E a expansão da
oferta de crédito nas camadas populares. Isso acabou refletindo. O
objetivo aqui no governo do Estado é ser mais presente, interagindo com a
sociedade organizada, com sindicatos, empresas, associações. O
governador determinou que nós estudássemos a formatação de um conselho
para ter essas lideranças representadas.
Existe alguma ordem para turbinar programas sociais?
Sim. A ideia é que programas que estão em outras secretarias sejam
alocados (na secretaria de Desenvolvimento Social) para que a gente
tenha um foco mais definido e melhorar a ação, levando em conta a meta
de erradicação da pobreza. Estamos fazendo um levantamento do número de
famílias que tem uma renda baixa e também georreferenciando isso.
A secretaria de Comunicação vai ficar sob a Casa Civil? Qual a formatação?
Não muda muito. Era uma secretaria, estamos transformando em uma
subsecretaria. As duas coordenadorias que cuidam da área de imprensa e
marketing e comunicação permanecem. Passa a ser uma subsecretaria
integrada na Casa Civil.
Serra gastou mais de R$ 400 milhões na Secretaria de Comunicação durante sua gestão. Foi muito, na sua avaliação?
Não. É importante dizer que nessa publicidade tem muitas de interesse
social. A questão da dengue, da lei antifumo. É importante que esta
comunicação tenha também esse olhar, do interesse de comunicar as
campanhas educativas do governo. Se você olhar parte dessas despesas,
estão bem focadas nessa área.
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