O Estado de S.Paulo
A extensão das linhas do Metrô para a periferia da
capital, que o governador Geraldo Alckmin elegeu como uma das
prioridades de sua administração na área de transportes, é uma decisão
importante, porque corresponde à necessidade cada vez maior de
integração dos serviços básicos da região metropolitana de São Paulo,
que extrapolam os limites dos municípios que a compõem. Na verdade, eles
formaram nas últimas décadas a maior e mais importante concentração
urbana do País, na qual os interesses e necessidades de cada unidade já
estão tão estreitamente ligados que não podem mais ser considerados
isoladamente.
O primeiro dos três projetos que vão dar início à integração na área
dos transportes é o da ligação da capital com São Bernardo do Campo por
meio de uma linha de metrô, do tipo Veículo Leve sobre Trilho (VLT), de
23 quilômetros, com 18 estações. Ela sairá da Estação Tamanduateí, na
Zona Leste, e chegará ao bairro do Alvarenga, em São Bernardo, como quer
a prefeitura da cidade, ou até o Paço, como propõe a Companhia do
Metrô, passando por São Caetano do Sul. O percurso deverá ser feito em
30 minutos. A linha transportará 300 mil pessoas por dia.
Outro projeto prevê a extensão da Linha 4-Amarela do metrô até Taboão
da Serra. Esse trecho vai beneficiar cinco municípios além de Taboão -
Itapecerica da Serra, Embu-Guaçu, Embu, São Lourenço e Juquitiba - que
formam uma das regiões mais pobres da Grande São Paulo. Finalmente, está
em estudo a construção de uma ligação ferroviária, por meio da
Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, em regime de Parceria
Público-Privada, entre a capital e Guarulhos.
O projeto do VLT para São Bernardo é um exemplo da colaboração que
deve existir, acima de diferenças político-partidárias, entre as
prefeituras da região e o governo do Estado. Segundo o prefeito Luiz
Marinho (PT), o município entrou com R$ 1,3 milhão e conseguiu R$ 27,6
milhões do governo federal para a elaboração do projeto. Ele elogiou a
disposição do governador Alckmin (PSDB)de tornar realidade a aspiração
do município de uma ligação rápida e confortável com a capital por meio
do metrô.
Embora a parte principal do investimento na ampliação metrô vá caber
sempre ao Estado, as prefeituras da Grande São Paulo - a exemplo do que
já fazem as da capital e de São Bernardo - podem assumir uma parte ainda
que modesta do alto custo dessas obras, já que suas cidades são as
beneficiárias diretas desse transporte.
Uma colaboração que se deve estender a outras áreas, como saneamento
básico, saúde, combate às enchentes e desocupação de áreas de risco.
Mas, por maior que possa ser a disposição dos prefeitos e do governo
estadual de participar desse esforço comum, só a criação de um arcabouço
legal e administrativo capaz de fazer funcionar a região metropolitana,
criando obrigações claras para cada uma das partes, assim como
mecanismos para resolver conflitos e divergências, dará solução
definitiva ao problema.
E essa é uma necessidade cada vez mais urgente. Como mostra um estudo
das Nações Unidas divulgado no ano passado - "O Estado das Cidades do
Mundo: Unindo o Urbano Dividido" -, o processo de urbanização continua
acelerado em todo o mundo, com a formação de enormes concentrações
urbanas, que exigem novas instituições e novos métodos de administração.
Regiões metropolitanas como a de São Paulo, apesar de seu tamanho, que
hoje parece imenso, em pouco tempo serão suplantadas por outras muito
maiores.
Já começou a integração da Grande São Paulo com Campinas, que
formarão a primeira macrometrópole do Hemisfério Sul, com 65 municípios,
22 milhões de habitantes e uma economia de R$ 475 bilhões. Mais para a
frente, São Paulo e Rio formarão gigantesca concentração urbana, que
será uma das maiores do mundo, com 40 milhões de habitantes.
Estudos como esse deixam claro que estamos muito atrasados na
organização das regiões metropolitanas e, por isso, precisamos correr
contra o tempo.
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