Setor é responsável pelos sistemas do ministério, como a página de acesso às notas do Enem e o Sisu
O coordenador-geral de Infraestrutura da Diretoria de
Tecnologia da Informação do MEC, Cláudio Crossetti Dutra, foi exonerado
do cargo na terça-feira, 18. A exoneração foi publicada na edição de
ontem do Diário Oficial da União. É a segunda baixa no ministério desde
que os resultados do Enem 2010 foram divulgados, há uma semana. O
presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(Inep), Joaquim José Soares Neto, também deixou a função.
Senha. Os resultados do Enem 2010 foram divulgados
na noite da quinta-feira, 13, em um sistema que estreou com falhas. A
maior parte dos estudantes não conseguiu acessá-lo porque a senha
aparecia como inválida. Em um dia, dos 1,2 milhão de candidatos que
conseguiram ver suas notas, metade pediu recuperação de senha. O
procedimento, demorado, esgotou a paciência dos jovens, que também
tentavam falar com o Inep por telefone, mas sem sucesso. Houve casos de
participantes do exame que só receberam uma nova senha dias depois.
Notas. Muitos dos que tiveram acesso aos resultados
relataram que as notas do segundo dia de prova não foram informadas e a
redação foi anulada. No boletim desses candidatos, aparecia um traço no
lugar das notas de linguagens e códigos e de matemática, e redação
constava como anulada. Após protestos e reclamações que chegaram até a
Justiça, o MEC divulgou somente ontem o motivo pelo qual o estudante
teve seu texto anulado.
Sisu. No domingo, as inscrições no Sistema de
Seleção Unificada (Sisu), que usa as notas do Enem 2010 para preencher
83.125 vagas em instituições públicas de ensino superior, também
começaram com muita lentidão e algumas falhas. Estudantes passaram o dia
enfrentando dificuldades para acessar o site, que às vezes travava no
meio do procedimento ou mostrava mensagens de erro.
Naquele dia, o MEC admitiu, por meio de sua assessoria de imprensa,
que o Sisu estava "lento" e apresentava "alguma instabilidade",
registrando picos de 600 acessos por minuto. O ministério afirmou que
candidatos faziam consultas excessivas, deixando o sistema ainda mais
sobrecarregado. Para tentar contornar a dificuldade de acesso ao site,
na segunda-feira o MEC limitou o tempo que cada estudante poderia ficar
conectado ao sistema a 20 minutos. Também tirou o site do ar por 30
minutos, para uma manutenção extraordinária.
Dados cruzados. Quando o Sisu voltou a funcionar,
mais problemas. Candidatos estavam tendo acesso a dados de outros alunos
no site, como nome e opção de curso. Segundo o MEC, os estudantes não
tinham, no entanto, possibilidade de fazer alterações. A falha voltou a
ocorrer às 6h de terça-feira, por quatro minutos, em razão da troca de
outro equipamento da rede destinado a melhorar a capacidade do sistema.
Adiamento. O prazo de inscrições no Sisu se
encerraria na terça-feira, e havia candidatos que ainda não tinham
conseguido fazer suas opções de curso. Uma decisão judicial contra
reserva de vagas feitas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) provocou, por tabela, o adiamento do Sisu para as 23h59 de ontem.
Especialistas. Mas o sistema continuou a enfrentar
problemas por excesso de acessos. Especialistas da área da computação
acreditam que um planejamento mais adequado da demanda evitaria
problemas como o que aconteceu com a página do Sisu. "Provavelmente a
demanda de acessos foi subdimensionada. Para resolver, precisaria ou de
um aumento do número de máquinas onde estão alojados os programas ou um
aumento do prazo de inscrição, para distribuir os acessos", disse o
professor de engenharia de sistemas eletrônicos da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo (Poli-USP) Márcio Lobo Netto.
"Parece que faltou se programar. Esse tipo de serviço precisa de
equipamentos robustos. A questão é que isso custa caro", afirmou João
Paulo Papa, professor de computação da Universidade Estadual Paulista
(Unesp).
Fonte: Carlos Lordelo - Estadão.edu/ LUCIANA ALVAREZ
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