Grupo JBS, que obteve empréstimo de R$ 3,5 bilhões para bancar compra de empresas estrangeiras, deu R$ 10 milhões para campanha petista
O grupo JBS-Friboi, que recebeu empréstimo de
aproximadamente R$ 3,5 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico Social (BNDES), foi o maior doador da campanha da petista
Dilma Rousseff: R$ 10 milhões doados em seis repasses entre agosto e
setembro. Apesar do favoritismo e da vitória, a campanha do PT terminou
as eleições com uma dívida de R$ 27,7 milhões.
A estratégia oficial do BNDES era transformar os frigoríficos em
gigantes mundiais. Os empréstimos, vistos com desconfiança pelo mercado,
bancaram a aquisição de empresas estrangeiras pelos frigoríficos
brasileiros. E o grupo JBS foi o principal destinatário dos recursos da
instituição. Dados recentes apontavam que o BNDES tinha 21% do capital
do JBS-Friboi.
O segundo maior doador da campanha foi a Camargo Corrêa, uma das
construtoras que toca obras do Programa de Aceleração do Crescimento
(PAC) que tiveram irregularidades graves apontadas pelo Tribunal de
Contas da União (TCU). A empreiteira doou R$ 8,5 milhões para campanha.
Outra empresa responsável por obras com pendências no TCU, a Construtora
Queiroz Galvão, foi a terceira maior doadora – R$ 5,1 milhões. A OAS,
também responsável por obras em situação irregular do PAC, doou outros
R$ 3 milhões para a campanha. Entre os bancos, o Itaú foi o maior doador
da campanha de Dilma: R$ 4 milhões.
Os dados fechados de receitas e despesas da campanha de Dilma foram
entregues ontem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todas as
informações, incluindo as notas fiscais, serão analisadas em regime de
mutirão por técnicos do TSE e auditores do Tribunal de Contas da União
(TCU). As contas deverão ser julgadas até o dia 9 de dezembro. Se
aprovadas, Dilma Rousseff será diplomada no dia 17 e tomará posse no dia
1.º de janeiro.
No total, a campanha de Dilma Rousseff arrecadou R$ 148,8 milhões,
dos quais R$ 105 milhões foram arrecadados antes do primeiro turno. As
despesas da campanha somaram R$ 176,5 milhões.
O que prejudicou as contas da campanha foi a realização do segundo
turno. "As empresas se prepararam para o primeiro turno. Houve um grande
volume de doações. Mas o orçamento de muitas empresas para as eleições
se esgotou", explicou o tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, José
de Filippi.
Nas três semanas entre o primeiro e o segundo turno, o comitê da
campanha gastou quase R$ 80 milhões. Nesse período, a campanha conseguiu
arrecadar apenas R$ 25 milhões.
Os principais gastos foram com a produção de programas de rádio,
televisão e vídeo – R$ 39 milhões. Para realizar eventos de promoção da
candidata foram consumidos R$ 11,7 milhões. Com publicidade por meio de
placas, estandartes e faixas foram gastos R$ 10 milhões. Outros R$ 6,4
milhões foram consumidos com a criação e inclusão de páginas na
Internet.
Nas últimas eleições, o presidente Lula deixou para o partido uma
dívida de R$ 9,8 milhões, o equivalente a 10% dos gastos feitos durante a
campanha. A dívida deixada agora corresponde a 15% das despesas.
Fonte: Felipe Recondo e Mariângela Gallucci - O Estado de S. Paulo
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