Governo encobre atraso em obra do PAC


O governo federal apresentou ontem um balanço final dos quatro anos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) inflado e maquiado, que encobre atrasos nas principais obras.
Encerrando o ciclo de governo Lula, o PAC está com 32% das obras inacabadas. Oficialmente, o relatório com o andamento do programa diz que 82% das obras foram concluídas no prazo previsto e 94% do dinheiro foi liberado (o que inclui as obras que ainda estão em andamento).
Os números foram inflados porque o governo reduziu a projeção das obras que deveriam ter sido concluídas em 2010. Assim, o índice de sucesso aumentou.
No balanço do PAC, em abril, a meta de execução era maior que a apresentada neste fim de ano e de mandato.
Uma análise dos dados mostra que R$ 115 bilhões em investimentos passaram a ser classificados como obras que deveriam ser feitas após 2010. O balanço anterior não trazia essa distinção, quando todo o valor de R$ 656 bilhões estava incluído no cronograma entre 2007 e 2010.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, anunciou que até o último dia de dezembro terão sido investidos sob o PAC R$ 619 bilhões entre projetos concluídos e em andamento.
O detalhamento financeiro mostra, porém, que 35% desse montante são de "financiamento a pessoa física". Ou seja, são operações de crédito que o sistema financeiro faria sem o PAC. As estatais terão que desembolsar R$ 26,9 bilhões entre novembro e dezembro.
O governo entraria com R$ 3,8 bilhões e os financiamentos a pessoa física responderiam por R$ 19,1 bilhões.
O governo também maquia os resultados carimbando obras que na realidade estão atrasadas com o selo de "verde", que significaria que o cronograma está em dia.
É o caso do trem-bala, cuja licitação foi adiada para o próximo ano. Mesmo assim, a obra permanece como se estivesse no prazo normal.
A Folha mostrou ao longo dos quatro anos do PAC a recorrente utilização deste tipo de maquiagem. Em respostas anteriores, a Casa Civil negou maquiagem de dados.
Pela primeira vez presente a um balanço do PAC, o presidente Lula disse que desistiu de ter uma meta no Minha Casa, Minha Vida, que, no começo, previa a construção de um milhão de casas.
"Não quis dar prazo porque a manchete do dia seguinte seria: 'Lula fracassa. Prometeu em um ano e foi em um ano e uma hora'." 

Fonte:  folha.com

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