Presidente do partido mantém guerra com Kassab desde que alteração de ata de convenção tirou do prefeito poder de conduzir sucessão presidencial
A Executiva Nacional do DEM reúne-se nesta
quarta-feira, 8, para discutir a sucessão antecipada do atual presidente
nacional do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ), em meio a uma guerra
de bastidor pelo comando partidário entre o grupo de fundadores e a nova
geração de dirigentes. No centro dessa disputa estão Maia e o prefeito
de São Paulo, Gilberto Kassab, que vivem às turras desde que a ata da
convenção na qual o PFL foi rebatizado de DEM sofreu alteração.
A modificação do texto suprimiu o poder de Kassab de conduzir os
interesses do partido na sucessão presidencial, na condição de
presidente do Conselho Político do partido. Por conta disso, o prefeito e
o deputado já bateram boca e, quando Kassab decidiu cobrar a alteração
do texto de Maia, há cerca de um mês, por pouco os dois não trocaram
socos. Para ficar no DEM ao menos até o fim de seu mandato na
prefeitura, Kassab quer ver Maia fora da presidência o quanto antes.
O novo estatuto do partido, aprovado em convenção por orientação do
então presidente da legenda Jorge Bornhausen, conferia ao presidente do
Conselho Político a tarefa de negociar os interesses do partido na
disputa ao Palácio do Planalto. Para garantir uma sucessão sem traumas,
dividindo poder, Maia ficou com a presidência do DEM e Kassab à frente
do conselho. Na versão do estatuto registrada em ata, porém, cabe ao
presidente do partido, e não do conselho, conduzir o processo
sucessório.
Solução
Em busca de uma saída para evitar a implosão do DEM, Bornhausen
procurou o senador José Agripino (DEM-RN) na segunda-feira, com o apelo
para que ele aceite suceder a Rodrigo Maia na presidência do partido. O
mandato do deputado fluminense foi prorrogado até novembro do ano que
vem, mas boa parte da Executiva Nacional do partido já entendeu que é
preciso ajustar o calendário da legenda ao das eleições municipais e
fazer a sucessão em maio.
A ideia é trocar o comando nacional do partido antes do fim do prazo
para a filiação partidária dos candidatos, que se encerra um ano antes
das eleições municipais de 2012. A proposta do grupo de Bornhausen é
renovar os diretórios municipais em março, os estaduais em abril e o
nacional em maio.
Os aliados de Maia acusam o grupo de Bornhausen de manobrar para
encurtar seu mandato e argumentam que estão dando ao atual presidente do
partido uma prorrogação de cinco meses para manter o calendário
tradicional das convenções. Em abril, Rodrigo Maia completa quatro anos à
frente do DEM e a prorrogação vigente pode esticar sua permanência até o
fim de 2011.
Aécio
Nesta terça, o ex-governador de Minas e senador eleito Aécio Neves
(PSDB) desembarcou em Brasília no papel de árbitro da disputa. De acordo
com Aécio, o "DEM fortalecido e bem articulado com o PSDB é fundamental
para a construção de um projeto de poder alternativo". O ex-governador é
aliado, especialmente, de Maia - que o apoiou e defendeu sua escolha, e
não a do tucano José Serra, como candidato da oposição para enfrentar a
petista Dilma Rousseff na disputa presidencial. "Os embates para valer
vamos ter contra nossos adversários", emendou o tucano.
Fonte: Christiane Samarco - O Estado de S.Paulo
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