'Primeiro, 45% dos brasileiros disseram não', afirma Sérgio Guerra sobre vitória de Dilma


Duas semanas após a terceira tentativa frustrada dos tucanos de voltarem ao poder central do Brasil, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), admite que seu partido precisará passar por ampla reestruturação.
O PSDB, diz, passa a impressão de que é um partido de um pequeno grupo. Nesta entrevista ao GLOBO, concedida na manhã de quinta-feira em seu gabinete no Senado, Guerra fala de sua preocupação com os rumos do futuro governo Dilma Rousseff, a começar pela ação articulada pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, de deixar pronto um projeto de regulação da mídia.
Ele minimiza a nova disputa entre mineiros e paulistas pelo comando do PSDB - seu mandato termina em maio -, mas reconhece que, se o partido tiver mais de um candidato à Presidência da República em 2014, não terá como fugir das prévias. 

Qual a estratégia da oposição daqui para a frente?
SÉRGIO GUERRA: Não pode ser outra a não ser se recompor e se reestruturar. Ao longo especialmente do segundo turno, os partidos de oposição trabalharam em conjunto. A avaliação nossa é que a eleição trouxe bons resultados. 

Apesar da derrota para a Presidência?
GUERRA: Primeiro, 45% dos brasileiros disseram não. Não foi apenas preferência à candidatura de José Serra, mas também negação ao nome de Dilma Rousseff e ao 'status quo', o que inclui o presidente Lula. Segunda conquista, indiscutivelmente importante, foi a eleição de dez governadores: oito pelo nosso partido e dois pelo DEM, em governos relevantes como Minas, São Paulo, Paraná, Goiás, Pará, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. Sensato é ponderar, refletir e montar um projeto para o futuro. 

Que tipo de oposição pretendem fazer? Pontual, radical?
GUERRA: A oposição radical, não sabemos fazer. Um dia desses, o presidente Lula disse que sofreu oposição radical. É a maior piada do mundo. Muita gente acha que a gente não fez oposição. Discordo. Nós fizemos oposição do tamanho que tinha de ser, nem radical, nem moderada. 

O senhor fala em reestruturação do partido, Aécio Neves em refundação, o que seria isto?
GUERRA: Aécio falou em refundação e sugeriu que seja nomeado um pequeno grupo para tratar de definir um novo posicionamento diante dos problemas do país. Esse grupo inclui o próprio Aécio, (o ex-presidente) Fernando Henrique Cardoso, (o senador) Tasso Jereissati e José Serra. Mas é apenas o começo de uma reavaliação mais voltada para programas partidários. A reestruturação a que me refiro é outra, muito mais geral. 

Isso significa que o PSDB precisa ser menos paulista?
GUERRA: O PSDB deve ser reconstruído e ganhar um caráter nacional, reestruturando não apenas seu pensamento, mas também a sua linguagem, ganhando organização e conteúdo para que o partido seja mais forte do que as pessoas. É preciso que o partido defina metas e objetivos, antes mesmo das pessoas, por mais relevantes que elas sejam, definirem as suas. A impressão é que o partido é comandado por um pequeno grupo, ainda que de excelente qualidade. Quanto mais abrir para a participação, colaboração, melhor. Há clara falta de sintonia entre o partido e setores sociais emergentes e organizados, que não têm canal com o PSDB. 

A quais setores se refere?
GUERRA: O PSDB ganhou as eleições nos centros brasileiros. Foi a regra. Perdeu as eleições nos grotões, nas áreas menos críticas do país. Não falo do Nordeste contra Sul, nem do Sudeste contra o Centro-Oeste. Em todas as regiões, este fato se deu. O eleitorado mais dependente, menos crítico, votou no PT. O mais crítico e menos dependente tende a votar no PSDB. 

O que levou a oposição a perder mais uma vez a disputa presidencial?
GUERRA: Vamos ser sinceros, o prestígio e a força de um cidadão brasileiro, pobre, que se constituiu na maior liderança do país: Luiz Inácio Lula da Silva. O resto é conversa. 

Fonte:  Adriana Vasconcelos - O Globo

Comentários

  1. Muito triste e feio para nós eleitores de oposição o Senador elogiar o presidente, uma das razões por que perdemos as eleições foi justamente a falta de oposição de alguns líderes, perdemos para a corrupção, ilegalidade, imposição, ameaças.... O Serra foi um heroi conseguir chegar aonde chegou 44% dos votos.

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  2. "O que levou a oposição a perder mais uma vez a disputa presidencial?
    GUERRA: Vamos ser sinceros, o prestígio e a força de um cidadão brasileiro, pobre, que se constituiu na maior liderança do país: Luiz Inácio Lula da Silva. O resto é conversa."

    1.DEFINITIVAMENTE, ONDE ESTÁ O CIDADÃO POBRE? A OPOSIÇÃO PRECISA ENXERGAR E APONTAR O VERDADEIRO LI, UM MILIONÁRIO!!!ELE E SEUS FILHOS, FENÔMENOS DO CAPITALISMO, COM CAPITAL ALHEIO!

    2.A OPOSIÇÃO perdeu a eleição porque não conseguiu enquadrar o presidente em suas responsabilidades e deixou que ele fizesse campanha eleitoral desde 2 anos antes. ISTO NÃO PODE SER ESQUECIDO. VALE ATÉ UMA CAMPANHA "FORA DILMA".

    3.A prova do acima descrito está na declaração do ministro da defesa, Nelson Jobim, quando explica que o assunto da compra dos aviões para a AER ficou para decisão de Dilma porque o presidente anterior não teve tempo para cuidar do assunto porque estava envolvido com a eleição da própria.

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