
Todos aguardam a volta da presidente eleita de Seul para tratar dos
cargos federais com mais objetividade. Nenhum deles apresentou ideia
alguma sobre como gerenciar esse ou aquele setor de maneira a assegurar
mais bem estar à coletividade.
O PMDB quer saber de manter a parte que lhe cabe no latifúndio e o PT
pretende recuperar espaços perdidos para os parceiros. Essa é a
discussão em pauta.
Uma, mas não a única demonstração de que a política é um negócio. Muito rentável e não raro milionário.
Nos financiamentos de campanha, por exemplo, a conversa em geral é
feita na casa dos milhões. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) fez um
levantamento junto à Justiça Eleitoral e chegou ao custo médio de R$ 1,1
milhão para a campanha de cada um dos 513 deputados federais eleitos em
3 de outubro.
"Em quatro anos de mandato cada um receberá de salário um total de R$
792 mil", informa, querendo mostrar que boa parte dos parlamentares
(54%) terá algum tipo de "dívida de gratidão" para com pessoas físicas
ou jurídicas que financiaram suas campanhas.
Na bancada de 46 deputados fluminenses, de acordo com os dados de
Alencar, 16 extrapolaram a média nacional, sendo a campanha mais cara a
de Eduardo Cunha, do PMDB: R$ 4,7 milhões. O ex-governador Anthony
Garotinho gastou R$ 2,5 milhões, o líder do PT na Câmara, Luiz Sérgio,
R$ 2,3 milhões e o presidente do DEM, Rodrigo Maia, R$ 1,9 milhão.
E assim deve ter acontecido Brasil afora com esse sistema eleitoral
que mantém o Legislativo dependente e, portanto, reverente aos grandes
financiadores.
Também, mas não só por isso a reforma urge.
No padrão. Com a mesma facilidade com que avaliou o Enem como "um
sucesso total" enquanto eram contabilizados os erros ocorridos no exame,
o presidente Luiz Inácio da Silva diz que se for necessário serão
feitas novas provas e que a Polícia Federal vai investigar "o que
efetivamente aconteceu".
Sobre as investigações efetivas da PF em assuntos que rendam embaraço
para o governo quem dá notícias é a ausência de resultados dos
inquéritos abertos nos últimos anos.
Roda e avisa. Está tudo muito bem no caso do Banco Panamericano: o
empréstimo do fundo garantidor ao grupo Silvio Santos é legal, o
dinheiro é privado, SS apresentou garantias, o presidente Lula esteve há
um mês com o empresário (ocasião da descoberta da fraude pelo Banco
Central), mas eles não tocaram no assunto e, como diz o presidente do
BC, Henrique Meirelles, não recebeu dinheiro público.
De fato, se desconsiderados os R$ 739,2 milhões pagos pela Caixa
Econômica Federal em dezembro de 2009 - quando as fraudes já estavam em
execução - para comprar 49% das ações do banco.
Queira o bom andamento dos trabalhos do encerramento do governo Lula
que a decisão da CEF de que esse era um ótimo negócio não tenha guardado
relação alguma com o apoio do SBT à candidata Dilma Rousseff.
Apoio este materializado durante a campanha do segundo turno, quando o
SBT exibiu uma versão da agressão de militantes petistas a uma passeata
do candidato do PSDB no Rio, com imagens selecionadas e que serviram de
base a um discurso do presidente Lula "denunciando" que o adversário
havia montado uma farsa.
A TV de Silvio Santos mostrou o candidato José Serra recebendo uma
pequena bola de papel na cabeça e ignorou nova agressão ocorrida oito
minutos depois.
Na ocasião, muitos se perguntaram o que levaria o SBT a se prestar àquele um papel.
Intensivão. O deputado mais votado foi aprovado no teste. Mas quem
demoraria 40 dias para se provar alfabetizado senão alguém não
alfabetizado?
Fonte: Dora Kramer - O Estado de S.Paulo
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