Para o presidente, a partir do momento em que a pessoa 'toma posse, ela passa a ser uma instituição e tem que ser respeitada'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
ficou profundamente irritado nesta terça-feira, 30, em Estreito (MA) com
uma pergunta da imprensa sobre sua relação com a oligarquia Sarney no
Maranhão. "Se você tiver que fazer algum protesto você vai para o Amapá,
porque foi lá que o povo elegeu Sarney. E vai para São Paulo, porque o
povo elegeu Tiririca. Na medida que a pessoa é eleita e toma posse, ela
passa a ser uma instituição e tem que ser respeitada", afirmou,
dirigindo-se ao repórter.
A pergunta a Lula era se a visita dele ao Maranhão seria em
agradecimento ao apoio do grupo Sarney nos oito anos de seu governo.
"Uma pergunta preconceituosa como esta é grave, para quem está oito anos
cobrindo Brasília. Demonstra que você não evoluiu nada. É uma doença. O
Sarney colaborou muito para a institucionalidade. Eu não sei por que o
preconceito. Você tem de se tratar. Quem sabe fazer psicanálise", disse.
Nesse momento, a governadora Roseana Sarney interferiu. "É
preconceito contra a mulher. Eu fui eleita governadora do Maranhão para
tomar conta do povo." Lula emendou: "Sarney não é o meu presidente. Ele é
o seu presidente do Senado ele é o presidente do Senado deste País. Eu
lamento que não tenha tido evolução (da imprensa)."
Humildade. Mais cedo, o presidente havia feito um
discurso atípico, no qual reconheceu que antecessores não tiveram as
mesmas condições que ele ao assumir o comando do País. "Eu tenho
consciência que outros presidentes da República não tiveram as mesmas
condições que eu", afirmou. "O presidente Sarney pegou o Brasil em época
de crise. O Fernando Henrique Cardoso, mesmo se quisesse fazer, não
poderia, pois o Brasil estava atolado numa dívida com o FMI. Quando você
deve, tem até medo de abrir a porta e o cobrador te pegar", afirmou
Lula.
As declarações foram feitas em um discurso de improviso durante
visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito, na divisa
do Maranhão com Tocantins. Ainda em tom de humildade, o presidente
observou que a inauguração da obra ficará mesmo para o governo de Dilma
Rousseff. "É a Dilma que virá inaugurar, mas eu tinha que vir para
fechar a comporta, pelo menos", declarou o presidente.
Lula disse que precisou desmarcar três visitas à obra por causa de
problemas nas áreas ambiental e social. Comunidades ribeirinhas
denunciam que estão sendo prejudicadas pela construção da usina. O
presidente afirmou que recentemente foi firmado um acordo entre o
consórcio Estreito Energia, construtor do projeto, com o movimento de
atingidos pelas barragens. Pelo acordo, a empresa se responsabilizará
por garantir a realocação das famílias e criar condições para que os
pescadores continuem suas atividades. "Eu não queria violência com
qualquer pessoa", declarou Lula.
Fonte: Leonencio Nossa - Estadão.com.br
Comentários
Postar um comentário