Lula deixará como herança um “nó de difícil solução”, diz Serra


Nesta quarta, ele fez uma visita ao Congresso Nacional



O presidente Lula está deixando para sua sucessora vários problemas que custarão muito caro ao país. O alerta foi feito pelo ex-governador de São Paulo José Serra após deixar a Liderança do PSDB no Senado, onde esteve nesta quarta-feira  para uma visita de cortesia a deputados e senadores do partido. “A próxima gestão receberá uma herança muito problemática”, criticou. Na avaliação do tucano, ao invés de buscar soluções responsáveis para o que classificou de um “nó de difícil solução”, o petista prefere fazer campanha antecipada com vistas à eleição de 2014.
De acordo com Serra, são várias as bombas que “saltam do armário” na reta final do governo Lula. Na lista da herança maldita para Dilma, destacou, em especial, o quadro adverso da economia.  “Vemos a inflação em crescimento, uma taxa de câmbio super valorizada que está desindustrializando o país e castigando o produtor doméstico, além da queda da atividade econômica, especialmente no setor industrial”, enumerou. Além disso, o candidato do PSDB à Presidência em 2010 alertou para a maquiagem no déficit público e para o maior déficit no balanço de pagamentos da história brasileira.
Serra também chamou a atenção para “projetos megalomaníacos sem nenhum cabimento”, a exemplo do trem-bala que pretende ligar Campinas ao Rio de Janeiro. “Essa é a obra mais cara desde Itaipu e não será financiada pelo capital privado. Querem que seja feito com dinheiro público. É um empreendimento não prioritário e não levará cargas, mas apenas passageiros. Inexiste demanda para isso. Portanto, é prejuízo certo”, avaliou.
Outros problemas também ocorrem em áreas estratégicas para o país. Na saúde, o tucano lembrou que mais de 11 mil leitos para internação foram desativados  de 2005 a 2009, segundo levantamento do IBGE divulgado recentemente. “Isso significa que o Brasil caiu abaixo da média recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no que se refere a leitos por habitantes”, avaliou o ex-ministro da Saúde.
Ainda segundo ele, eventual recriação da CPMF não traria aumento de recursos para estados e municípios aplicarem no setor. “Essa história de que vai repartir os recursos entre os entes federativos é conversa.  Podem até recriar a CPMF, mas o governo vai tirar com a outra mão por meio da diminuição das transferências  não obrigatórias”, avisou. Na educação, Serra vê uma gestão “desorientada” e que conseguiu, mais uma vez, desmoralizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Questionado por jornalistas, Serra rebateu a acusação de Lula de que o tucano deve desculpas à sociedade por causa de episódio ocorrido no Rio de Janeiro durante a campanha. O petista voltou a afirmar hoje que o então candidato “inventou a agressão” por ter sido atacado, segundo o presidente, por uma bolinha de papel. ” Se tem alguém que precisa pedir desculpas é ele. Foi outro objeto que me atingiu e isso está filmado.  Lula sabe disso. Acontece que ele não perde o costume. Talvez já tenha começado sua campanha para 2014 e dizendo mentiras”, condenou.
Para Serra, a postura de Lula é pouco apropriada para um presidente, mas parece que o petista não dá muita importância para isso. “Veja quantas vezes ele foi condenado pelo TSE. É um homem que em vez de dar à população mostras de correção, de austeridade, de virtudes, dá exemplos poucos recomendáveis”, reprovou.
Perguntando sobre seu futuro, o tucano afirmou que jamais deixará de ter atuação política,  algo que faz desde os 20 anos. “Não precisa estar no governo ou no Legislativo para isso”, comentou. Ex-deputado e ex-senador, disse que aproveitou a vinda a Brasília para “matar saudades”. “Tem tempo que não vinha aqui”, explicou no salão azul do Senado. Além dos tucanos, parlamentares de outras legendas, como os senadores Marco Maciel (DEM-PE), Jarbas Vasconcellos (DEM-PE) e José Agripino Maia (DEM-RN), também estiveram na Liderança do PSDB.

Fonte: Diário Tucano

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