Ex-presidente reage ao ‘tiroteio’ entre líderes tucanos de São Paulo e de Minas
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
criticou nesta quinta-feira, 25, as disputas entre setores regionais do
PSDB e a antecipação do debate sobre as próximas eleições presidenciais.
"Não se pode raciocinar em termos do PSDB de São Paulo ou de Minas",
afirmou. "Tem que ser o PSDB do Brasil."
Para Fernando Henrique, antes de pensar em nomes para a futura
eleição, o tucanato deveria definir o que pretende dizer. Referindo-se a
um possível candidato mineiro ou paulista, afirmou: "Da minha parte
pode ser mineiro, cearense, carioca, paulista. Essa não é a questão. O
que é preciso fazer em primeiro lugar é definir a conversa com o País,
saber o que o País quer."
Para o ex-presidente, o partido também deve mudar. "Tem que se abrir
mais, usar mais a internet. Tem muita gente jovem que nem entende o que
estamos falando, assim como muitos de nós não entendem o que jovens
falam."
O presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), também
criticou o bate-boca entre tucanos de São Paulo e de Minas Gerais.
"Tratar de candidatura presidencial agora é uma ação que agride o bom
senso e beira o ridículo", disse Guerra.
A tensão entre paulistas e tucanos atingiu seu ponto máximo esta
semana, quando o presidente do PSDB de Minas, deputado Nárcio Rodrigues,
cobrou dos paulistas o respeito à "fila de presidenciáveis" da legenda.
De acordo essa fila, o senador eleito Aécio Neves ocuparia hoje o
primeiro lugar.
Guerra advertiu que, em vez de fazer ataques, os tucanos devem se
esforçar para que não apenas os líderes, mas também os eleitores dos
dois Estados onde se concentra a principal base política do PSDB,
caminhem em torno de um projeto nacional.
Em tom mais ameno, o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) também admitiu
que é cedo para a sucessão e lembrou que paulistas e mineiros precisam
uns dos outros para chegar ao Planalto. Não deixou de mencionar, porém,
que, desde a criação do PSDB, em 1988, só foram lançados candidatos
paulistas nas eleições presidenciais.
"Vão ter que nos engolir", declarou Nárcio Rodrigues ao Estado ontem,
em resposta à entrevista do presidente do PSDB da capital paulistana,
José Henrique Reis Lobo, ao portal Estadão.com.br no fim de semana. Na
fala de Lobo, Aécio foi citado apenas como um nome em meio ao "conjunto
de novas lideranças que emergiu das urnas". Nárcio afirmou que não
reconhecia autoridade em Lobo para discutir o projeto nacional.
Para Guerra, o ataque teria sido exagerado. "O companheiro Lobo é
pessoa conhecida no partido, preside o diretório municipal de são Paulo e
tem todo o direito de emitir seus pontos de vista", afirmou.
Antes de Guerra se manifestar, o próprio Lobo redigiu uma nota em
resposta a Rodrigues. Disse que em sua entrevista não há uma palavra que
possa ser tomada como "desconsideração" pelo nome de Aécio em 2014. Mas
também deixou claro que não trabalha com o conceito de fila de
presidenciáveis.
Fonte: Christiane Samarco e Roldão Arruda - O Estado de S.Paulo
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